Condições de saúde bucal de pessoas privadas de liberdade de um complexo prisional do Nordeste brasileiro

Abstract

Indivíduos privados de liberdade tem saúde bucal precária e são pouco assistidos, nesse sentido há a necessidade de intervenção odontológica. No entanto, a literatura tem mostrado que a saúde bucal destas pessoas é de grande preocupação. Devido à necessidade de se fazer um levantamento das principais alterações bucais prevalentes na população carcerária, o presente estudo teve como objetivo traçar um perfil de condições bucais deste seguimento populacional. Foi realizado um estudo descritivo com delineamento transversal, com uma amostra de 756 pessoas privadas de liberdade do Complexo Prisional do Curado, localizado em Recife - PE. Um questionário sobre dados sócio-demográficos foi respondido e através de um examinador e anotador previamente calibrados (valor de Kappa = 0,85), foi avaliada a prevalência de cárie classificando-a em alta e baixa através do índice CPO-D. Observou-se a condição periodontal por meio da aplicação do índice CPITN. O traumatismo dentário foi investigado por meio da aplicação do índice de Andreasen e foram identificadas lesões em mucosa da população em questão. Na análise estatística foi considerado um erro de 5% e foi utilizado o teste do Qui-quadrado para comparação de proporção dos percentuais encontrados nos níveis de fatores qualitativos. O CPOD com valor maior que 4 foi encontrado em 83,6% da amostra. Quando separado os componentes do CPOD, observou-se que a maioria dos reclusos encontravam-se com mais de 4 dentes cariados (55,4%), possuíam até 11 dentes perdidos (64,7%) e nenhuma restauração (56,6%). Em relação ao índice CPITN foi verificado a presença de cálculo dentário em 50% dos examinados. Os resultados mostraram que 10,8% da amostra apresentaram algum tipo de trauma nos dentes e que 8,9% dos indivíduos possuíam alguma lesão em mucosa. Ao associar o índice CPITN com condições sistêmicas, foi verificado uma maior presença de cálculo dentário em indivíduos não fumantes. Indivíduos diabéticos apresentaram melhor condição periodontal quando comparados aos que não possuem tal condição sistêmica.