Annonaceae juss. no nordeste oriental do Brasil

Abstract

Annonaceae compreende 107 gêneros e ca. 2400 espécies, com distribuição predominantemente tropical e centro de diversidade Neotropical. Para o Brasil são registradas 29 gêneros e 371 espécies, das quais 39% são endêmicas. São plantas arbustivas a arbóreas, com folhas simples, alternas e dísticas, estípulas ausentes e flores trímeras. Esta dissertação consiste no estudo taxonômico das espécies da família que ocorrem no Nordeste Oriental do Brasil, fornecendo informações para o reconhecimento do grupo. A área de estudo situa-se nos Domínios Fitogeográficos da Mata Atlântica e Caatinga com enclaves de Cerrado, compreendendo os estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Expedições de coleta foram realizadas e espécimes de 21 herbários foram analisados, bem como coleções on-line. Como resultado, foram registradas 42 espécies, distribuídas em 10 gêneros: Anaxagorea Sprague & Sandwith (uma sp.), Annona L. (15 spp.), Cymbopetalum Benth. (uma sp.), Duguetia A.St.-Hil. (oito spp.), Ephedranthus S.Moore. (uma sp.), Guatteria Ruiz & Pav. (sete spp.), Hornschuchia Nees (duas spp.), Oxandra A.Rich. (duas spp.), Pseudoxandra R.E.Fr. (uma spp.) e Xylopia L. (quatro spp.). Uma nova espécie, D. sulcosa Bazante & Alves, foi descrita para florestas submontanas de Pernambuco e Alagoas, distinta pela conação das sépalas e número reduzido de carpídios por fruto. Oito táxons são novos registros para o Nordeste Oriental do Brasil: Annona mucosa Jacq., A. reticulata L., A. vepretorum Mart., Duguetia lanceolata A.St.-Hil., Xylopia ochrantha Mart. e os gêneros Hornschuchia Nees (H. bryotrophe Nees and H. lianarum D.M.Johnson) e Pseudoxandra R.E.Fr. (P. bahiensis Maas). São registradas ainda, sete novas ocorrências para Alagoas e Rio Grande do Norte, seis para o Ceará e Paraíba, e 11 para Pernambuco. A Mata Atlântica apresenta 31 táxons restritos, a Caatinga 13 táxons, e dois ocorrem em ambos os domínios. Além disso, 23 dos 42 táxons confirmados para a região são considerados endêmicos do país. Durante os últimos anos, um número considerável de novas espécies têm sido descritas para a família no país, principalmente na Mata Atlântica. Porém, os estudos se concentram na Bahia e na região Sudeste, com a diversidade do Nordeste Oriental até então subestimada, demonstrando a necessidade de mais estudos para o conhecimento e conservação do grupo.