Mineração do caulim como tendência à desertificação no Seridó paraibano

Abstract

O Seridó paraibano é marcado desde sua colonização pelo desenvolvimento socioeconômico, principalmente pela prática da mineração, atingindo gravemente os recursos ecossistêmicos da Caatinga. O estudo foi realizado no município de Juazeirinho, microrregião do Seridó oriental, no estado da Paraíba, com área territorial de 467,526 km². O objetivo desta pesquisa foi analisar o processo de desertificação a partir da atividade da mineração, em especial da extração do caulim no Seridó da Paraíba. Para apreensão e interpretação da realidade foram utilizados os métodos indutivo e dialético, através de técnicas estatísticas e geoecológicas, apoiados em ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG) e pesquisa de campo. Foi identificada correlação das médias do Índice de Textura do Solo (TGSI), Índice de Vegetação Ajustada ao Solo (SAVI) e Índice de Aridez (IA) por meio de Árvore de Decisão (AD) em períodos úmido e seco. O SAVI do período seco (2000 e 2016) trouxe resposta de uma redução na cobertura vegetal. O IA foi oscilante, de acordo com os limites estabelecidos na metodologia, explicando a razão do TGSI entrar na faixa de risco alto e severo (> ou igual a 0,25). Enquanto no período úmido (1984, 1990, 2010) o SAVI apresentou aumento médio (0,50 – 0,90), com IA variando entre 0,2 e 0,5, reduzindo as médias do TGSI, evidenciando a importância da cobertura vegetal. O município possui mais da metade de suas terras com grave erosão (217.686,12 km²), sendo mais acentuada no distrito de Barra, apresentando manchas branco-acinzentadas no solo provenientes da mineração. No aspecto socioeconômico, os resultados dos indicadores revelaram-se afetados indiretamente pelas aptidões naturais e diretamente pelas ações antrópicas, apresentando baixos níveis de Índice de Desenvolvimento Municipal Sustentável (IDMS). Destarte, conclui-se que o modelo de extração e beneficiamento do caulim no município de Juazeirinho tendem a produzir um fenômeno local, nomeado de “caulimização do solo”, impactando negativamente no meio ambiente e, por consequência, nas condições socioeconômicas, contribuindo com a evolução do processo de desertificação.