Investigação da ocorrência de resíduos de herbicidas em rios da Reserva Extrativista Acaú-Goiana

Abstract

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e vários estudos mostraram danos à saúde e ao meio ambiente devido à exposição e a toxicidade desses agroquímicos. A cultura de cana-de-açúcar apresenta o maior consumo de herbicidas, ficando as margens de grandes bacias hidrográficas. Neste trabalho, foi investigada a ocorrência de herbicidas nas águas superficiais de três áreas de captação diferentes: Rio Tracunhaém, Três Bocas e Rio Capibaribe Mirim, todos localizados no município de Goiana, Pernambuco, em uma região que se destaca pela intensa atividade agroindustrial, pelo seu bioma marinho costeiro e por áreas destinadas à carcinicultura. Estes rios abastecem o consumo doméstico, industrial e agrícola de cerca de 26 municípios da Zona da Mata Norte de Pernambuco, que apresentam uma população de 465.549 habitantes. Foram investigados 7 herbicidas (Glifosato e o seu metabólito (Ácido Aminometilfosfônico) AMPA, Paraquate, Ametrina, Atrazina, Diurom e Tebutiurom) nas águas coletadas em áreas da Resex Acaú-Goiana, utilizando-se a técnica de cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada à espectrometria de massa triploquadrupolo (UPLC-MS/MS), operando com eletronebulização em modo positivo e negativo de ionização e analisador de massa triploquadrupolo operando em monitoramento de reações múltiplas. O limite de detecção foi de 10 µg L-1 e o limite de quantificação foi de 25 µg L-1, as amostras foram analisadas por injeção direta de 5 μL sem prévio tratamento. O estudo foi realizado nos meses de março a agosto de 2019 com coletas de 1 L de amostras de água com profundidade de 30 cm no leito dos rios. Os resultados obtidos evidenciaram a presença de Ametrina variando de 10 a 60 µg L-1 (março-maio/2019), Tebutiurom variando de 10 a 40 µg L-1 (março-maio/2019), Diurom variando de 10 a 140 µg L-1 (março-abril/2019) e o nível de Atrazina foi de 150 µg L-1 (abril/2019). Os resultados indicam a necessidade de realizar o monitoramento da contaminação de águas superficiais, uma vez que as práticas agrícolas atuais tem um impacto sem precedentes na qualidade da água e consequentemente nos ecossistemas e na saúde humana.