Na trincheira do IAHGP : a trajetória do historiador Mário Melo

Abstract

Nosso objetivo é tratar da trajetória do historiador Mário Melo (1884 – 1959), destacando a sua relação com o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), para refletir sobre o funcionamento do campo historiográfico pernambucano, entre as décadas de 1910 a 1940. Esse campo historiográfico estimulou uma narrativa positiva sobre o passado pernambucano a partir do enaltecimento de “heróis” que transmitiam a ideia da “bravura pernambucana”. O sucesso dos agentes envolvidos no jogo dependia das suas inclinações e habilidades para realizar determinadas produções historiográficas, mas também das suas tomadas de posição referentes, simultaneamente, às regras próprias do campo historiográfico e ao campo de poder político. Entendemos que a sua construção como historiador se faz por meio de ajustes com o campo historiográfico em que ele se encontrava, que lhe proporcionava um universo de possíveis (temas, objetos, metodologias, princípios de inteligibilidade), em meio aos quais ele irá se movimentar, aderindo e/ou recusando aquilo que está à sua disposição. Esses seus movimentos transmitirá sinais, que eram lidos positivamente pelo campo de poder político, num momento em que a história produzia um conhecimento considerado de altíssima relevância social. A nossa proposta é dialogar com Pierre Bourdieu e priorizar os conceitos de campo e de habitus para refletir sobre a trajetória do historiador Mário Melo. Nesse sentido, buscaremos ficar atento às suas disposições, aos lugares que ocupa e as tomadas de posição no campo historiográfico pernambucano, destacando as alianças e as desavenças durante a sua trajetória, que são resultados de um momento histórico específico.