Avaliação do efeito neuroprotetor do extrato hexânico das folhas de spondias mombin L. (Anacardiaceae) em modelo experimental da doença de Parkinson induzida por rotenona em peixe-zebra

Abstract

As bases moleculares que desencadeiam doenças neurodegenerativas como a Doença de Parkinson (DP), ainda não estão totalmente compreendidas, mas, evidências indicam um envolvimento do estresse oxidativo, alterações mitocondriais e apoptose. Spondias mombin L. (Anacardiaceae), conhecida popularmente como cajazeira é uma espécie frutífera, encontrada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Possui elevado teor de compostos fenólicos com conhecida atividade antioxidante e anti-inflamatória e é utilizada na medicina popular para tratar doenças gastrintestinais e processos inflamatórios. Nesse contexto, o objetivo do estudo foi avaliar a capacidade de atenuação dos efeitos deletérios induzidos pela neurotoxina rotenona (ROT) por meio do tratamento com o extrato hexânico das folhas de Spondias mombin (EHSm) sobre parâmetros de estresse oxidativo, captação de dopamina e comportamento em um modelo experimental da DP induzida por ROT em peixe-zebra (Danio rerio). A identificação fitoquímica do EHSm foi realizada por meio de cromatografia gasosa acoplada a espectroscopia de massa (CG-EM) e cromatografia líquida de alto desempenho com detecção de matriz de diodo (CLAE-DAD). Além disso, análises antioxidante de DPPH, ABTS, CAT e poder redutor foram determinadas in vitro. Para estabelecer a concentração letal mediana (CL50) de 96h, os peixes-zebra foram expostos a seis diferentes concentrações do EHSm (10 a 100 mg/L). Para avaliação das atividades comportamentais (novel tank e claro/escuro), estresse oxidativo (TBARS, grupamento SH, GSH, SOD, CAT, GST, O2- e NADPH) e captação de dopamina no cérebro, peixes zebra adultos de ambos os sexos foram divididos em seis grupos (n= 20- 24/grupo) e tratados por 4 semanas, respectivamente. com DMSO 0,1% (veículo - controle), ROT (3 µg/L) e EHSm (5, 15 e 25 mg/L). Os resultados mostraram que a CG-EM identificou principalmente os compostos ciclogalifaraol (13,88%) e dl-α-tocoferol (8,08%), enquanto os resultados da CLAE-DAD indicaram a presença majoritária de quercetrina (6,54 mg/g) e rutina (8,83 mg/g). Nos testes in vitro, a concentração inibitória (CI50) do EHSm foram DPPH (521,38±7,45 μg/mL, ABTS (1021,38±70,02 μg/mL), Capacidade Antioxidante Total (1291,12±16,10 μg/mL) e poder redutor 1568,65±16,15 μg/mL. A CL50 estimada em 96h para o EHSm foi 58,42 mg/L. A rotenona induziu alterações nos parâmetros comportamentais (redução na entrada e no tempo gasto na área superior do tanque), a qual foi revertida totalmente pelo EHSm (25 mg/L). Nos parâmetros bioquímicos, o EHSm reverteu o aumento induzido pela exposição à rotenona nos valores de TBARS, tióis totais, produção de O2 - e NADPH oxidase. Verificou-se também que os valores CAT, SOD e GSH aumentaram estatisticamente e o EHSm (25 mg/L) foi capaz de restaurar a atividade de captação de dopamina desencadeadapela ROT. Em conclusão, o EHSm mitiga as respostas comportamentais e oxidativas da DP no peixe-zebra. No entanto, mais estudos são necessários para elucidar o mecanismo preciso subjacente aos efeitos do EHSm na DP induzida pela rotenona em peixes-zebra.