Intervenção comunitária baseada em exercícios físicos e no autocuidado na qualidade do sono em idosos

Abstract

O exercício físico tem sido empregado como estratégia terapêutica na qualidade do sono em idosos, entretanto, não se tem conhecimento do efeito de uma intervenção com diferentes estratégias, baseadas em exercícios físicos e no autocuidado. O objetivo é analisar a efetividade de uma intervenção comunitária baseada em exercícios físicos (domiciliares e supervisionados) e no autocuidado apoiado sobre a melhora da qualidade do sono em idosos atendidos na atenção básica à saúde do Recife, PE. Trata-se de um ensaio comunitário conduzido com idosos (≥60 anos), de ambos os sexos, residentes na área de cobertura de oito Unidades de Saúde da Família (Santana, Macaxeira, Chié, Terezinha, Cabanga, Apipucos, Upinha e Coque). Foram empregados em quatro grupos: um controle e três experimentais. O grupo experimental 1 participou somente do programa de exercícios domiciliares, utilizando um manual de exercícios físicos (Ginástica para fazer em casa); o grupo experimental 2, além dos exercícios domiciliares, foi exposto a exercícios supervisionados, realizando o treinamento funcional no Programa da Academia da Cidade; o grupo experimental 3, além dos exercícios domiciliares e supervisionados, os participantes tiveram ações relacionadas ao autocuidado apoiado, seguindo a metodologia dos 5 As; e, o grupo controle recebeu apenas cartilhas informativas de como lidar com doenças crônicas. Os protocolos de intervenção tiveram duração total de 6 meses, orientados a serem realizados de três a cinco vezes na semana (domiciliar), três vezes por semana em dias não consecutivos (supervisionado). Para a avaliação do sono foi aplicado o questionário Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI), medindo a qualidade subjetiva do sono, latência para o sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, transtornos do sono, uso de medicamentos para dormir e a disfunção diurna. Estas medidas foram obtidas nas avaliações pré e pós-intervenção (novembro de 2018 e abril de 2019). As equações de estimativas generalizadas foram utilizadas para verificar a interação entre tempo (pré vs. pós) e intervenções. Constatou-se que a intervenção foi estatisticamente significativa para o uso de medicamentos do sono (p< 0,01) e a eficiência do sono (p=0,04). O exercício domiciliar no GE1 ocasionou um aumento discreto no uso de medicamento do sono (0,4±1,0 x 0,5±1,1), e as ações do GE2 (0,5±1,1 x 0,4±0,9) e GE3 geraram uma diminuição nessa variável após a intervenção (0,3±0,8 x 0,3±0,9). As ações dos GE1 (0,6±1,1 x 0,1±0,5) e GE2 (0,6±1,0 x 0,4±0,9) ocasionaram uma diminuição no escore da eficiência do sono, enquanto as ações do GE3 conduziram a estabilização desse escore (0,4±0,4 x 0,4±0,9). O GC apresentou efeito constante na eficiência do sono e um aumento no uso de medicamentos do sono. Apesar do baixo poder do estudo, verificou-se que a intervenção foi efetiva em dois componentes do PSQI nos idosos investigados. Esses achados poderão ser usados por profissionais de saúde e por idosos, com uma intervenção comunitária de ações de exercícios domiciliar e supervisionado e no autocuidado apoiado.