Plasticidade fenotípica : efeitos do tratamento neonatal com kaempferol sobre parâmetros morfológicos ósseos em modelo experimental de paralisia cerebral

Abstract

A paralisia cerebral (PC) compreende um grupo de transtornos do movimento e da postura com limitação da função, relacionados a danos que acometem o sistema nervoso central em desenvolvimento. Existem poucas estratégias de intervenções relacionadas ao manejo e tratamento da paralisia cerebral precoce, ou seja, logo após a lesão. Sendo assim, entre as estratégias nutricionais ou mesmo farmacológicas temos a intervenção com flavonoides, como o kaempferol. Buscamos avaliar o efeito do tratamento neonatal com kaempferol em ratos submetidos à paralisia cerebral experimental sobre parâmetros morfológicos ósseos. Foram utilizados ratos Wistar e após o nascimento os filhotes foram ajustados para oito filhotes por ninhada, com peso entre 6-8 gramas no primeiro dia pós-natal, permanecendo com suas respectivas genitoras durante o período de lactação, sendo ainda nesse período distribuídos nos subgrupos: a) Controle Placebo (C+P), b) Controle Kaempferol (C+K), c) Paralisia Cerebral Placebo (PC+P), d) Paralisia Cerebral Kaempferol (PC+K). O modelo de PC consistiu na associação de anoxia perinatal com a restrição sensório motora das patas posteriores. Foi avaliado nos animais em dias específicos, o peso corporal, comprimento naso-anal e comprimento caudal. Após o desmame (P25), os animais foram separados em gaiolas individuais (3-4 animais por gaiola) até os 36° dia de vida pós-natal, quando foram eutanasiados para coleta de tecidos ósseos, (fêmur e tíbia) foi aferido o peso, comprimento e realizada a histomorfometria óssea e análise da densidade radiográfica. Os dados foram analisados por meio do teste ANOVA two way ou two way medidas repetidas, seguidos do pós-teste de Tukey ou teste de Kruskal-Wallis, seguido do pós-teste de Dunn’s e o nível de significância considerado foi de p<0,05. Os nossos dadossugerem que em P36 a indução de PC experimental promoveu os seguintes resultados: diminuição do peso corporal e comprimento naso-anal, redução do peso absoluto e comprimento da tíbia e fêmur, redução da radiopacidade óssea das regiões analisadas do fêmur e tíbia redução da espessura cortical e área medular, maior densidade de lacunas de osteócitos e menor área lacunas de osteócitos. Sobre os dados dos animais submetidos à PC e que receberam tratamento com kaempferol em comparação com o grupo PC que recebeu placebo sugerem que no dia pós-natal 36 (PC+K vs. PC+P) temos os seguintes resultados: aumento do peso corporal e do comprimento naso-anal e aumento da densidade e área das lacunas de osteócitos. Em resumo, os nossos dados mostram que o modelo de paralisia cerebral reduziu drasticamente o crescimento dos animais no que diz respeito ao peso corporal e do comprimento naso-anal, apresentaram também redução do peso absoluto e do comprimento absoluto da tíbia e do fêmur, reduziu a radiopacidade óssea das regiões analisadas do fêmur e tíbia, redução da espessura cortical e da área medular, bem como redução da área das lacunas de osteócitos e que o tratamento com kaempferol atenuou os efeitos relativos ao peso corporal e comprimento naso-anal, bem como histologicamente pode observar o aumento da área e do número de lacunas de osteócitos. São necessários mais estudos para verificar se esta melhoria no desenvolvimento ósseo pode ser ampliada ao longo do tempo.