Diversidade, distribuição e abundância dos Cnidários pelágicos do Oceano Atlântico Equatorial sob influência da pluma do Rio Amazonas

Abstract

A descarga de água doce do rio Amazonas no oceano Atlântico equatorial provoca uma pluma superficial com baixa salinidade e alta carga de nutrientes e material suspenso que pode ser traçada por centenas de quilômetros no Atlântico norte e Caribe. Essa pluma tem forte influência na ecologia e biogeografia dos animais marinhos, entre eles os cnidários pelágicos. Um grupo que historicamente foi deixado de lado em estudos do zooplâncton. Assim a presente tese buscou explorar aspectos da diversidade, distribuição, abundância da comunidade de cnidários planctônicos e neustônicos do lado oeste do oceano Atlântico equatorial, avaliando os efeitos ecológicos da pluma do rio Amazonas na estrutura da comunidade. Entre os principais resultados relacionados a biodiversidade, foram encontradas duas novas espécies de hidromedusas da família Eirenidae, Eutima marajoara e Helgicirrha angelicae, as primeiras ocorências para o Brasil das espécies Cirrholovenia polynema, Pegantha laevis e Forskalia tholoides, além de várias outras primeiras ocorrências em nível regional e local. No total foram encontrados 93 táxons na área, uma alta biodiversidade que apresenta indícios de ser ainda maior. Em geral, o oceano aberto apresentou uma maior biodiversidade na área que a plataforma continental, não somente para espécies holoplanctônicas, mas também para grupos meroplanctônicos como Athoathecata, o que pode estar relacionado à circulação e topografia complexas presentes na área. A pluma do rio Amazonas se mostrou o principal processo oceanográfico em mesoescala moldando a distribuição da comunidade de cnidários planctônicos e neustônicos tanto na plataforma continental, onde as diferenças mais marcadas foram observadas, quanto no oceano aberto. Na plataforma continental, espécies como Persa incolorata, Enneagonun hyalinun, Muggiaea kochii e Diphyes dispar, foram restritas, ou ocorreram em abundâncias bem mais altas na região sob influência da pluma. Já no oceano aberto as diferenças foram relacionadas a abundância da espécies: enquanto as áreas fora da influência da pluma foram marcadas por abundancias maiores das espécies Chelophyes appendiculata, Bassia bassensis, Eudoxoides spiralis e Abylopsis tetragona, a área sob influência da pluma apresentou maior abundância das espécies Diphyes bojani, D. dispar e Cytaeis sp.1. Embora os resultados no plâncton epipelágico e neustôn tenham sido semelhantes, diferenças também foram observadas tanto na composição taxonômica, com ambos os ambientes apresentando espécies exclusivas quanto nos padrões de distribuição espacial na região oceânica, que foram menos marcados na comunidade neustônica.