Progressão de aterosclerose, ocorrência de eventos clínicos cardiovasculares e perfil de mortalidade entre pessoas vivendo com HIV

Abstract

A recomendação para que todas as PVHIV recebam TARV aumentou a expectativa de vida dessa população, aumentando o risco de doenças crônicas relacionadas à idade como a doença cardiovascular. A ampla disponibilidade de TARV provocou redução da mortalidade por doenças relacionadas à AIDS e condições não associadas a AIDS como neoplasias, doenças cardiovasculares e causas externas surgem como causas frequentes de morte. Dessa forma, o estudo avaliou incidência e progressão de aterosclerose e associou presença de aterosclerose com ocorrência de eventos clínicos cardiovasculares, além de avaliar sobrevida e causas de óbito em PVHIV acompanhadas em dois serviços de referência de Recife-PE. A mensuração da espessura carotídea foi realizada por ultrassom com Doppler. As dosagens bioquímicas foram feitas com analisador ARCHITECT c8000 (Abbott) e contagem de células T CD4 + por citometria de fluxo. Os registros de óbitos foram baseados em banco de dados contendo causas de morte registradas com Códigos de Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e posteriormente codificados pelo Protocolo de Codificação das Causas de Morte no HIV (CoDe). O software utilizado para a análise foi o STATA versão 14. Participaram da avaliação de progressão de aterosclerose e evento clínico cardiovascular, 134 pacientes, onde a média das medidas da espessura carotídea teve redução estatisticamente significante de 0,123mm. Houve incidência de 14 novos casos de placa aterosclerótica. Ocorreu associação para maior risco de presença de placa na faixa etária acima de 60 anos, histórico de tabagismo, hipertensão, colesterol total e LDL aumentados, tempo de TARV, tempo da infecção pelo HIV e nadir de células T CD4 +. A taxa de incidência de evento clínico cardiovascular na população estudada foi de 6,71. Para notificação de óbito, foram acompanhadas 2.359 PVHIV, sendo a frequência de óbito entre os pesquisados de 20,9%, com taxa de mortalidade de 1,46 óbitos a cada 100 PVHIV por ano. Houve maior risco de óbito para homens e indivíduos com 50 anos ou mais no momento do diagnóstico. Principais causas de óbito foram doenças relacionadas à AIDS, câncer não relacionado à AIDS, causas externas e doenças cardiovasculares. Houve maior frequência de neoplasias entre mulheres e em maior faixa etária de idade, além de maior frequência de causas externas entre homens mais jovens. Os resultados contribuem para prevenção e manejo adequado no tratamento do vírus e das comorbidades a fim reduzir a mortalidade na população com HIV.