Rastreamento de comportamentos de risco para Transtornos Alimentares em usuários de uma clínica escola de Nutrição em uma Universidade Pública

Abstract

Os transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas, caracterizadas por alterações da alimentação ou do comportamento alimentar, que resultam em padrões e atitudes alimentares distorcidos e de preocupação exagerada com o peso e a forma corporal que comprometem significativamente a saúde física, social e psicológica do indivíduo. Os TA têm critérios diagnósticos baseados em características psicológicas, comportamentais e fisiológicas dos indivíduos, padronizados internacionalmente. No entanto, não há a mesma preocupação em relação àquilo que se denomina "comportamentos de risco para TA", sendo encontrado poucos estudos na literatura. Assim, o presente trabalho trata-se de um estudo descritivo transversal, baseado em dados secundários, cuja as informações foram obtidas do banco de dados dos pacientes atendidos na clínica escola do Curso de Nutrição do Centro Acadêmico da Vitória da Universidade Federal de Pernambuco (CAV/UFPE) no ano de 2021. Foram coletadas variáveis demográficas, socioeconômicas, da prática de atividade física e perfil de saúde da população estudada, como também investigado a presença de comportamentos de risco para TA. O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco (CAEE: 56157222.8.0000.9430). A amostra foi constituída por n=86 pacientes, com idade mediana de 32 anos, sendo registrado uma maior frequência de indivíduos do sexo feminino 87,20% (n=75), casados 51,16% (n=44), com ensino superior incompleto 39,53% (n=34) que trabalhavam 37,2% (n=32) e estudavam 36,04% (n=31). No que diz respeito a renda, houve uma frequência maior de indivíduos que referiram receber entre 2 a 4 salários mínimos 38,37% (n=33). Com relação ao perfil de saúde, houve uma predominância de pessoas que possuíam hipertensão 19,7% (n=17) e diabetes 8,13% (n= 7). Em relação a pratica de atividade física, houve uma maior frequência de pessoas que referiram se exercitar 52,32% (n=45). Segundo o rastreamento de comportamento de risco para TA, foi possível observar uma maior frequência de indivíduos que testaram positivo 76,74% (n=66), ou seja, a maioria dos pacientes apresentaram comportamentos de riscos para TA, sendo identificado um risco maior para o desenvolvimento de Bulimia Nervosa (BN) 50% (n=43). Os resultados apontam para uma elevada frequência de comportamentos de risco no público da clínica escola do Curso de Nutrição do CAV/UFPE no ano de 2021. Mesmo assim, o uso do questionário não dispensa a avaliação clínica/nutricional mais detalhada por uma equipe multiprofissional mínima (médico psiquiatra, nutricionista e psicólogo) para o fechamento de um possível diagnóstico de TA. Sendo assim, necessário a realização de mais estudos sobre rastreamento de comportamento de risco, em serviços de saúde, no público estudado, sobretudo, no estado de Pernambuco e no Brasil, pois a assistência multiprofissional a esses indivíduos, merece destaque frente a complexidade da patologia, que requer um olhar holístico na perspectiva de uma melhora na relação com a comida e com o corpo.