Migração de um sistema de desembocadura protegido por Recifes (Rio Mamucabas e Rio Ilhetas/PE)

Abstract

Desembocaduras são ambientes muito dinâmicos podendo apresentar intensas mudanças em um curto espaço de tempo, modificando outros ambientes associados a elas, spits (esporões), linhas de costa, ilhas deltaicas. Uma vez que tais mudanças ocorrem numa velocidade relativamente alta, dados de sensores remotos orbitais são bastante úteis para este tipo de ambiente devido a periodicidade em que são obtidos os dados e boa resolução espacial. No Nordeste do Brasil, desembocaduras protegidas por recifes são bastante comuns, sendo estes recifes os principais moldadores da morfologia costeira naquela região, uma vez que a sua presença tem a capacidade de atenuar a ação as ondas gerando assim uma zona de sombra. A praia de Tamandaré, localizada no litoral sul de Pernambuco é protegida por estes recifes de coral. Em sua zona de sombra existe um sistema de desembocadura formada pelos Rios Mamucabas e Ilhetas. O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo das mudanças morfológicas na linha de costa e migração de um sistema duplo de esporões associados a uma desembocadura protegida por recifes (rio Mamucabas e Ilhetas/PE). Uma vez que este tipo de trabalho pode fornecer informações relevantes a respeito das modificações que ocorrem na costa e nos entornos de desembocaduras de rios, ele se torna uma ferramenta importante para realizar um gerenciamento costeiro que melhor atenda às necessidades daquele ambiente. Foram analisadas imagens obtidas de cinco satélites diferentes, com diferentes resoluções de imagem os LandSat-5, LandSat-7, LandSat-8 possuindo uma resolução de 30 m/pixel, Sentinel-2 e que possui uma resolução de 15 m/pixel e Google Earth Pro (GEP) que são satélites de alta resolução. O software ArcGis foi utilizado para fazer as medições e em conjunto com uma extensão, o DSAS, foram medidas as LCs a partir das imagens providas pelo GEP. Os resultados mostraram que os esporões associados a esta desembocadura conjunta sofrem processos de erosão e Acreção ao longo do tempo estudado, sendo verificada uma correlação inversa entre os esporões. Quanto a diferença de resolução dos satélites, eles apresentaram medidas semelhantes quando comparadas as medições. A dinâmica local é bastante elevada, ficando claro quando um dos esporões rompe-se quase completamente durante o tempo de estudo e depois volta ao seu tamanho original. Pelas medições realizadas com o DSAS foram encontradas taxas de máxima Acreção de quase 50 m/ano e uma taxa de erosão de 2,2 m/ano. Este estudo mostrou que mesmo após eventos mais energéticos, de rompimento e erosão do esporão, este sistema de desembocadura tem uma alta capacidade de se recuperar. Isto fica evidente ao observar a rápida taxa na qual o esporão sul volta a crescer depois de ser erodido.