Uma descrição das características atribuídas ao empoderamento por ativistas e marcas de moda do agreste de Pernambuco engajadas na luta contra a gordofobia

Abstract

Numa forma social de consumo que valoriza os corpos magros, a intolerância estética convive uma censura moral e os indivíduos com sobrepeso sofrem com o desprezo social, constituindo uma identidade não normativa, que é moralmente cobrada para cuidar de seu corpo e de sua saúde. Movimentos ativistas de consumo se embasam no empoderamento e lutam contra a gordofobia. Embasado em Michel Foucault, entendemos que o modelo social disciplinar fez do corpo um alvo, aquilo que está em jogo entre todos os sujeitos e as instâncias de controle e, visando assegurar sua sujeição continuada e, essa razão, lhe impôs um adestramento e um aperfeiçoamento intermitentes, promovidos por relações de saber-poder, que recorrentemente são transformadas por processos de resistência. Observamos que, em conjunto, marcas, ativistas e consumidoras promovem discursos de empoderamento pelo consumo no Agreste do Estado. Nesse que é um dos representativos polos de confecções do país, marcas se vinculam a atributos que são pautas dessa luta, se inserindo nas práticas de empoderamento. Essa prática coletiva estabelecida entre produção e consumo, certamente, promove sentidos e conformam condutas nesse meio, determinando os modos como ocorre esse empoderamento. Afinal, as estratégias de dessujeição são produzidas criativamente pelos sujeitos, frente às regras dos sistemas opressores, sendo capazes de indicar mudanças no exercício do poder. Assim, essa investigação busca investigar: Como as características dos discursos de empoderamento da luta contra a gordofobia no Agreste de Pernambuco revelam aspectos da resistência? Para tanto, inspirados na Análise de Discursos Foucaultiana, desvelamos os enunciados e suas reações síncronas e incidentes. O corpus foi formado por 225 postagens coletadas nas redes sociais 05 ativistas locais, 03 marcas e 125 consumidoras que respondiam aos comentários dessas postagens. Nossos resultados desvelaram a 16 enunciados nesse campo discursivo, cuja relação revelou nove características, que tratam de como o empoderamento se tornou um objeto de consumo, como ele é uma prática de consumo e como é uma pauta de reivindicação efetuada por meio do consumo. Concluímos que tais características informam como a prática do empoderamento no consumo acontece pela ação de vários agentes, contribuindo com um tema ainda pouco estudado pelo consumo.