Monitoramento sazonal dos componentes da fração arenosa (0,250mm e 0,500mm) em áreas afetadas pelo derramamento de óleo na costa de Pernambuco

Abstract

No ano de 2019 o litoral brasileiro foi assolado pelo derramamento de óleo equivalente a mais de 5.000 toneladas. A costa pernambucana foi atingida em quase todos seus municípios litorâneos, causando impactos socioeconômicos e ambientais em toda costa. Diversos tipos de ambientes costeiros foram atingidos, incluindo os estuários, que são os locais sensíveis ao derrame de óleo. Com isso, foram estudados três estuários pernambucanos: Itapessoca-Catuama-Canal de Santa Cruz (7,67ºS/32,84W), Suape-Rio Massangana (8,35°S/34,96°W) e Rio Formoso (8,69°S/35,09°W). Tem-se como objetivo deste estudo a comparação sedimentar em relação à geoquímica básica destes ambientes, atingidos pelo derramamento de óleo de 2019, a fim de obter uma caracterização sazonal após o desastre ambiental ocorrido. Foram analisados parâmetros como granulometria, teor de carbonato de cálcio (CaCO3) e matéria orgânica total (MOT), análise da fração arenosa e morfoscopia. As coletas ocorreram em dois períodos distintos, seco (novembro/2021) e chuvoso (abril-maio/2022), sendo 6 pontos em cada um dos 3 estuários, totalizando 36 amostras. As amostras apresentaram hidrodinâmica muito alta (IVA e IVB), predominando sedimentos arenosos, onde a fácies areia litoclástica (AL1b) é a mais comum. A lama está associada a locais mais abrigados e de menor energia, como manguezais, prados e praias no interior dos estuários, que apresentam lamas terrígenas (LL1) e margas arenosas (LL2). Os teores de MOT são baixos, com média de 2,95%, estando acima de 6% em apenas 5 amostras, relacionados à vegetação de mangue. Por outro lado, os teores de CaCO3 são mais altos, tendo média de 17,90%, estando acima de 20% em 10 amostras, relacionados a recifes de coral e prados. A composição dos sedimentos apresenta baixa variação, sendo o quartzo o principal componente, seguido por fragmentos vegetais e carbonáticos. Um ponto apresenta sedimentos com maior influência marinha, com os demais apresentando influência predominantemente continental. Quanto à morfologia, prevaleceram partículas com textura polidas, alta esfericidade e arredondamento subanguloso e anguloso, típicos de transporte pelo aporte fluvial e retrabalhamento subaquoso estuarino. Não foram encontrados fragmentos de óleo em nenhuma amostra, mostrando uma recuperação das zonas costeiras monitoradas. Entretanto, é necessário a continuidade do monitoramento sazonal, pois pode ocorrer a exumação do óleo a partir de processos de dragagem, bioturbação e por ação de tempestades.