O estresse hidrológico como guia no atendimento à garantia da segurança hídrica

Abstract

A gestão de recursos hídricos necessita de ferramentas para auxiliar a tomada de decisão das demandas hídricas oriundas das múltiplas atividades em uma bacia hidrográfica. A disseminação e aplicação de métodos que possam aumentar a eficiência e assertividade é crucial para o sucesso nas decisões. O presente estudo traz duas ferramentas para auxiliar nessa tomada de decisão: o grau de estresse hidrológico (EH) e a calibração automática. Nesse sentido, foi determinado o grau de estresse hidrológico para a bacia do rio Goiana, o indicador define valores limiares para a proporção entre o somatório de vazões demandadas e um dado percentil da curva de permanência de acordo com os critérios para concessão de outorga do Estado de Pernambuco, avaliando assim, níveis de estresse hidrológico nas sub-bacias estudadas. A outra ferramenta estudada é a análise de sensibilidade e calibração automática dos parâmetros hidrológicos, para a bacia do Goiana. Uma estruturação de modelagem hidrológica da bacia foi construída no modelo hidrodinâmico PCSMMM (Personal Computer Storm Water Management Model) e as análises foram realizadas em 10 sub-bacias. A partir do modelo desenvolvido para a bacia, os recursos disponíveis no PCSWMM de análise de sensibilidade e calibração automática, conhecido como SRTC (Sensitivity-based Radio Tuning Calibration), foram explorados inicialmente para avaliar os parâmetros mais sensíveis e em seguida para realizar a calibração dos parâmetros da bacia. Os resultados apontaram para uma situação de “Alto” estresse hidrológico (HS) na sub-bacia de Nazaré da Mata, com aproximadamente 94,76% de aproveitamento da vazão máxima outorgável. A sub-bacia Nazaré da Mata, que possui o menor número de estruturas a serem implantadas segundo o estudo Águas do Norte de Torres (2007), a classificação do estresse passou de "Alto" para "Médio", alterando o percentual de estresse hidrológico de 94,76% para 25,65%. Na sub-bacia Caricé, que originalmente possuía um nível de estresse "Médio", a implantação das barragens reduziu o estresse para "Baixo", com uma diminuição percentual de 10,32%, passando de 31,77% para 21,45%. A menor redução percentual do nível de estresse hidrológico ocorreu na sub-bacia Engenho Retiro, com um total de 9,90%, indo de 20,14% para 10,24%, classificada como “Baixo” nível. Diante desses resultados, reforça-se a importância do monitoramento constante dos dados de demanda de uso da água na região e do aprimoramento dos critérios de outorga pelos órgãos gestores. Para a análise da calibração automática, os resultados indicam um desempenho bastante satisfatório das ferramentas, trazendo celeridade e confiança para tomada de decisão dos gestores de recursos hídricos.