Cinema Surdo no Brasil: representação, acessibilidade, protagonismo

Abstract

Quando fazemos uma revisão bibliográfica de produções em português sobre cinema surdo, há três tipos de artigos e teses: a primeira tematiza sobre a época do cinema silencioso e a relação prolífica com os surdos, dado que não havia a primazia da voz e da língua oral nessa época. A segunda está situada em um momento de repercussão das conquistas surdas como a Lei de Libras, de 2002, e a LBI - Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, que abrange as PCD (Pessoas Com Deficiência), no geral. Essas pesquisas focam em cinema acessível e recursos de acessibilidade comunicacional - janela de Libras e LSE (Legenda para Surdos e Ensurdecidos). As duas linhas de pesquisa se associam à terceira, vinculada à educação inclusiva e cinema-educação, onde filmes com narrativas sobre surdos, bem como personagens surdos, são abordados como objetos didáticos, provocadores de reflexão e transformadores. Filmes feitos por surdos também são pesquisados, mas são minoria, até por conta do acesso dificultado. Desde 2019, no mínimo, há filmes circulando em tela grande, em festivais de nicho, com produções de surdos, em Libras, no Brasil. Já podemos começar uma quarta linha de pesquisa que foque nesse escopo. Da espectatorialidade e acessibilidade até chegar na representatividade e no protagonismo, na frente e atrás das câmeras. Assim, conheceremos um pouco sobre os Estudos Surdos, que focam na cultura e identidades surdas, para, em seguida, analisar iniciativas de acessibilidade em filmes nacionais, e por fim, conferir títulos produzidos por surdos falantes de Libras no Brasil, contando com aporte teórico de Wayne Betts Jr., cineasta, e seu conceito de Lente Surda, além de trabalhos nossos prévios baseados no conceito de poética pós-fonocêntrica (Bubniak, 2016).