IGREJA, TEATRO E ROMANTISMO: GRUPÃO DA VÁRZEA E MEMÓRIA DA DITADURA MILITAR (1968-1971)

Abstract

Esse trabalho tem o objetivo de identificar as influências artísticas e religiosas na atuação do Grupão da Várzea entre 1968 e 1971. Além disso, também objetiva dimensionar a memória sobre o período de um dos integrantes do Grupão, Marcos Ferreira, que escreveu, em 2012, um livro de suas memórias sobre a sua juventude e sobre o bairro da Várzea, comunidade onde passou grande parte de sua vida. O Grupão da Várzea foi um grupo de jovens moradores da Várzea, zona oeste do Recife, que se uniram para promover debates e eventos culturais na comunidade, entre as décadas de 1960 e 1970. Vinculados à Igreja e motivados pelo cenário teatral, o grupo utilizou símbolos religiosos e populares para fazer críticas à sociedade em seus espetáculos. Esse trabalho terá como objeto três espetáculos do grupo: a peça Morte e Vida Severina, encenada entre 1968 e 1969 e, posteriormente, adaptada para um jogral, apresentado em 1971, que comparava a figura do retirante a Jesus Cristo; e na peça Cristo no mundo, hoje, que foi encenada na Igreja Nossa Senhora do Rosário da Várzea e retratava a paixão de Cristo no contexto contemporâneo. Escrita por um dos integrantes, Marcos Ferreira, a peça tratou de temas sociais do presente, com um Cristo acusado de subversão e sofrendo a pena de morte por fuzilamento, sendo, por isso, criticada ostensivamente pela imprensa. A monografia dimensionará como o Grupão da Várzea sintetizou as tendências românticas, conceito de Michael Lowy e Robert Sayre, da Igreja e do teatro brasileiros em sua atuação artística; e como foi constituída a memória de Marcos Ferreira sobre o período.