A prática pedagógica do professor de matemática e o uso do material manipulável com alunos surdos incluídos nos anos finais do ensino fundamental

Abstract

Este trabalho tem como objetivo compreender as contribuições do uso do material manipulável presente na prática pedagógica do professor de matemática com alunos surdos nos anos finais do Ensino Fundamental. A partir do estado da arte foi possível identificar que ainda são poucos os trabalhos que abordam esse tema, uma possibilidade de desenvolver experiências pedagógicas com abertura criativa numa direção inclusiva. Diante disso, foi realizado um estudo sobre a Educação Inclusiva (SILVA; BAZANTE, 2021, PEREIRA, 2014) buscando problematizar os avanços e dificuldades no processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos na sala de aula regular, assim como sobre os fatores que muitas vezes acabam acarretando na negação dos processos que por vezes fortalecem a exclusão desses alunos, seja pela dificuldade que os professores de matemática, ainda, sentem em adaptar na prática pedagógica propostas a partir de uma perspectiva diferenciada, ou até pela falta de formação continuada com agendas teórico-práticas. A pesquisa tem como pergunta quais as contribuições que a utilização do material manipulável traz para o ensino de matemática com alunos surdos incluídos em salas regulares a partir da prática pedagógica do professor? E como objetivos específicos: (i) mapear as escolas da Rede Pública Municipal da cidade de Caruaru que têm professores de matemática com alunos surdos incluídos na sala de aula regular; (ii) identificar quais as práticas que os professores de matemática utilizam para alunos surdos numa realidade de sala de aula; e (iii) analisar as contribuições do uso do material manipulável para a prática pedagógica do professor de matemática com alunos surdos. Frente a essa problemática, pergunta e objetivos, desenhei para o caminho metodológico uma abordagem qualitativa de pesquisa caracterizada como exploratória e descritiva (OLIVEIRA, 2013; AMADO, 2014). Para coleta e produção dos dados utilizamos questionário, observação em sala de aula e entrevista semiestruturada. O tratamento dos dados produzidos foi realizado a partir do método de análise de conteúdo fundamentado em Bardin (1977) e Franco (2005) com a categorização temática. Encontra-se, portanto, que a falta de políticas públicas que disponibilizam os direitos da pessoa surda em sala de aula, como a presença de um intérprete na comunicação entre professor/aluno, além da falta de formação desses profissionais, principalmente em sua formação inicial, compromete o desejo do processo de inclusão do ensino e da aprendizagem desses alunos. Foi encontrada ainda a evidência do desejo de que na formação continuada os elementos que não se fizeram presentes na formação inicial devam ser possibilitados e assim proporcionarem aos professores o caminho efetivo de uma prática pedagógica com uso de materiais manipuláveis como facilitadores de um ensino de matemática inclusivo.