As cidades são feitas para as mulheres? Repensar o planejamento urbano a partir da mobilidade feminina do bairro de Passarinho

Abstract

Este trabalho visa repensar o planejamento urbano principalmente através da mobilidade urbana feminina periférica, com o bairro de Passarinho, na zona Norte de Recife, como uma unidade de análise, se pautando em conceitos de urbanismo feminista e participativo e do urbanismo do comum e do cotidiano para criação de um diagnóstico urbano com a incorporação da perspectiva de gênero, proposto pela metodologia de diagnóstico e desenho sistêmico-regenerativo de coletivos como o Punt-6 e Becistema, como parte de um processo maior de planejamento da mobilidade urbana. As fases do plano de mobilidade proposto terão como ponto de partida projetual as necessidades das mulheres sob ponto de vista interseccional para garantir direitos e contemplar as pessoas, suas necessidades e dinâmicas do espaço urbano. Portanto, o diagnóstico com perspectiva de gênero incorpora e identifica dados quantitativos e qualitativos do bairro e da rede cotidiana, dos espaços de relação e dos equipamentos que são importantes para o dia a dia urbano. O trabalho pesquisa como o bairro de Passarinho está caracterizado dentro da cidade de Recife, que assim como outras cidades, se configura como um produto histórico, político e social da vida coletiva e produtor e reprodutor de hierarquias e desigualdades estruturantes do espaço urbano, jogando luz sobre o papel da mulher e sobretudo da mulher negra e periférica como uma potencialidade para repensar os planos urbanos a partir da escala do bairro. É realizado um estudo de mobilidade urbana, mobilidade urbana feminina e a importância da rede cotidiana, visando olhar para áreas e atores que, sistematicamente, tendem a ser mais negligenciados em políticas públicas de mobilidade e de infraestrutura urbana como protagonistas. Ademais, são analisados estudos de casos existentes para fornecer exemplos de intervenções e processos metodológicos capazes de enfrentar, ou pelo menos, mitigar a problemática e apontar diretrizes para caminhos possíveis. E, por fim, a elaboração das fases do planejamento urbano e o produto do diagnóstico com perspectiva de gênero.