As narrativas de resistência de e sobre mulheres nos grafites da cidade

Abstract

No espaço urbano, os grafismos se apresentam, em essência, como discursos provocadores e questionadores das estruturas dominantes e dão voz aos subalternos e oprimidos. Os grafites produzidos sob o ponto de vista de mulheres se inserem nessa perspectiva rompendo silenciamentos, transformando o silêncio que nos foi designado pela cultura sexista em linguagem, em ação (Lorde, 2020; hooks, 2019). Partindo desse pressuposto, neste artigo, de natureza exploratória, investigo os grafites feitos por grafiteiras como modos de resistência na cidade, procurando observar os discursos sobre a mulher e seu corpo. Analiso sete murais com personagens mulheres de duas artistas de Natal (RN), refletindo sobre eles a partir da perspectiva teórico-crítica do feminismo negro. As intervenções observadas apresentam figuras que se distanciam dos padrões estético-corporais reproduzidos pela publicidade. Concluo que esses grafites são modos de resistência à ordem estabelecida pelos atores hegemônicos da cidade, ao se posicionarem sobre assuntos do corpo, da mulher e da sexualidade.