Perfil de citocinas TH1, TH2 E TH17 DE PBMCs de indivíduos com alergias respiratórias estimuladas por antígenos brutos de Strongyloides venezuelensis

Abstract

A inter-relação entre alergias e helmintos tem sido pesquisada, visto que, em indivíduos alérgicos e ao mesmo tempo parasitados, pode ocorrer atenuação da resposta inflamatória. A infecção ativa pelo parasita Strongyloides venezuelensis e o uso de antígenos deste parasita, em modelos de murino, diminuiu os sintomas decorrentes de doenças inflamatórias, como parasitoses (toxoplasmose), colite aguda e a asma, pela alteração do perfil de citocinas para um perfil regulatório. Não há estudos que investiguem a relação entre uso de antígenos de S. venezuelensis e pessoas alérgicas. Assim, este estudo objetiva avaliar a produção de citocinas Th1, Th2 e Th17 a partir da estimulação com o antígeno de S. venezuelensis (AgSv) em células de indivíduos com asma e/ou rinite alérgica. Foi realizado estudo transversal, com formação de três grupos: 1) Indivíduos com asma/rinite que froamsubmetidos a imunoterapia de dessensibilização in vivo (AT; n=24); 2) Indivíduos com asma/rinite não tratados com imunoterapia (ANT; n=56); e 3) Indivíduos não alérgicos(NA; n=27). A formação dos grupos utilizou os questionários “International Study of Asthma and Allergies in Childhood” (ISAAC), “Global Initiative for Asthma” (GINA) e“Asthma Control Test” (ACT). Exames clínicos (teste cutâneo) e coleta de sangue para exames laboratoriais (hemograma e IgE total) foram utilizados para comparação entre os grupos. As células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram isoladas e cultivadas sob estímulo de AgSv para comparação dos níveis de citocinas que foram mensuradas por Cytometric Bead Array (CBA) (IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, IL- 17A, TNF e IFN-γ) e ELISA Sandwich (IL-33). Foram coletados dados de 107 voluntários, sem diferença significativa em relação a sexo e idade. Considerando os aspectos sociais e econômicos, foi observado que o grupo AT apresentou maior proporção de familiares com alergia e menos convívio com animais domésticos. Em relação aos dados laboratoriais, foi encontrado maiores níveis de eosinófilos no sangue no grupo AT e de IgE total nos grupos ANT e AT. O teste cutâneo apresentou maior positividade entre os grupos AT (83,33%) e ANT (64,29%) em comparação com o NA (25,93%), com maior prevalênciade positividade contra alérgenos de ácaros. Na dosagem do soro, o grupo AT produziu níveis estatisticamente maiores de IL-2e TNF. Na dosagem de citocinas a partir do sobrenadante da cultura celular, a produção de citocinas por células não estimuladas não mostrou diferença significativa em relação às células estimuladas com AgSv do mesmo grupo, contudo foi possível observar tendências de produção maior (IL-6 e IL-10 em todos os grupos, e IL-33 apenas no grupo NA) e menor (TNF nos grupos NA e AT, e IL-33 nos grupos alérgicos) nas estimuladas pelo antígeno. Os grupos foram ainda subcategorizados (6 grupos) com base na identificação ou não de atopia pelo teste cutâneo para análise do perfil de citocinas. Foram observadas também tendências de maior produção de IL-6 e IL-10 em todos os grupos, assim como de IL-17A em grupos não atópicos. A tendência de menor produção, por sua vez, foi identificada para as citocinas IL-17A (grupos NA e ANT atópicos), IL-33 (grupos ANT e AT atópicos), TNF (grupos NA e ANT atópicos). Portanto, apesar de não ter sido identificado diferenças significativas, é possível notar que, frente a estimulação com antígeno de S. venezeuelensis, uma tendência de maior produção em todos os grupos de supressores da resposta inflamatória de perfil Th2, como IL-10, e menor produção de estimuladores da resposta Th1, como IFN-γ , TNF , IL-33 e IL-17A em indivíduos atópicos. Ou seja, a antígeno pode auxiliar na atenuação da resposta inflamatória em indivíduos alérgicos.