CARTOGRAFIA DAS PISADAS: Toré, danças, cantos e ancestralidade de povos indígenas do Nordeste

Abstract

A reconstrução da identidade dos povos originários no Brasil, em especial no Nordeste, tem sido um processo contínuo desde a invasão do país. Durante o período colonial, os invasores exerceram um controle que afetou a identidade destes em todas as suas manifestações, incluindo suas línguas, cânticos, danças e rituais sagrados. Uma invasão genocida e etnocida, cujo desdobramentos ainda se faz presente nos dias atuais. O Toré, ritual de grande importância histórica e cultural, amplamente realizado por diversas etnias no Nordeste brasileiro, é um símbolo de resistência dessa população e desempenha um papel fundamental em todos os aspectos da vida íntima indígena. A presente monografia almeja compilar cânticos que são utilizados no Toré, como arsenal para estudar a história de expropriação e (des)territorialização que esses grupos sofreram durante a história brasileira nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX. A questão norteadora é: Como as vozes e os corpos dos povos indígenas do Nordeste (re)existem e c(a/o)ntam a (re)construção de suas histórias? Esta narrativa será enriquecida pela análise dos dados estatísticos dos Censos Demográficos do Brasil, abrangendo o período de 1872 até o presente momento. O foco se voltará especialmente para a região Nordeste, e para os povos Xukuru do Ororubá, Fulni-ô e Truká-Tupan, de Paulo Afonso. Por fim, resgato da minha bagagem de campo filmagens de Toré, Cânticos e Cafurnas que presenciei das populações citados acima, e dos Kariri-Xokó da Bahia, a fim de produzir um material audiovisual para ser utilizado como ferramenta pedagógica. O objetivo da atividade é promover a sensibilização dos alunos por meio da escuta, além de proporcionar a apreciação da riqueza sonora que permeia a cultura indígena. O uso da cartografia de memória, cartografia dos sentidos e cartografia de si são fundamentais para esse momento, visto que todos eles buscam captar percepções e experiências subjetivas dos alunos. Trata-se de um estudo fundamentado pelo relato oral, pelo contato direto com os indivíduos, suas subjetividades, suas histórias, suas dores, suas memórias.