Origem dos plútons graníticos adjacentes de Tamboril e Olho d’água, terreno Cachoeirinha-Salgueiro, Nordeste do Brasil

Abstract

Filitos e metaturbiditos de baixo grau do Terreno Cachoeirinha-Salgueiro, no Domínio da Zona Transversal no Nordeste do Brasil, foram intrudidos por plútons graníticos cálcio-alcalinos, cálcio-alcalinos de alto potássio, shoshoníticos, peralcalinos e trondhjemíticos do Criogeniano tardio a Ediacarano. A maioria dos plútons graníticos cálcio-alcalinos com epidoto magmático são tonalíticos a granodioritos metaluminosos e alguns deles carregam clinopiroxênio. O stock equigranular Olho d'Água e o stock porfirítico Tamboril são plutons graníticos adjacentes com clinopiroxênio. Enclaves máficos microgranulares (MME) e agregados ricos em anfibólio (ARC) são frequentemente vistos nesses dois plútons. Os MME são compostos principalmente de anfibólio edenita a Fe-edenita, juntamente com plagioclásio, biotita, quartzo e clinopiroxênio. ARC ocorre em ambos os plútons, é composto de anfibólio actinolita a Mg-hornblenda e exibe textura nematoblástica. Ocorrem rodeados por biotita e, em alguns casos, por clinopiroxênios que formam uma armadura, limitando a interação com o magma hospedeiro e sem armadura. Nódulos angulares de quartzo, com até 5 cm de comprimento, são observados em MME e em granitos hospedeiros. A datação ICP-MS Zircon U-Pb indica uma idade de 639,2 ± 2,0 Ma para o stock porfirítico Tamboril e uma idade de 653,9 ± 2,0 Ma para o stock equigranular Olho d’Água. A idade modelo Nd (TDM) varia de 1,0 a 1,2 Ga (stock Tamboril), é de 1,2 Ga (stock Olho d'Água) e os valores de εNd(0,6 Ga) variam de 0,24 a -1,88 (Tamboril), e de -1,50 a - 1,56 (Olho d'Água). A razão 87Sr/86Sr variam de 0,707 a 0,711 (stocks Tamboril e Olho d’Água). Os valores de δ18O variam de 9,9 a 14,2‰ (de quartzo), 8,9‰ a 13,2‰ (clinopiroxênio) e 6,7‰ a ~10‰ (biotita). O δ 18O de rocha total dos agregados ricos em anfibólios é > 10‰. Os valores de δ 18O de rocha total calculados para quartzo, clinopiroxênio e biotita aumentam concentricamente do núcleo para a margem em ambos os plútons, variando de 9,9 a 14,2‰ (quartzo), 9,2 a 13,4‰ (clinopiroxênio) e 9,3 a 11,9‰ (zircão). Em conjunto, os valores isotópicos sugeririam uma fonte derivada do manto para os magmas Tamboril e Olho d’Água com um componente crustal. No entanto, ARCs abundantes em ambos os stocks podem indicar que eles representam fragmentos de uma rocha geradora metabasáltica para os magmas Tamboril e Olho d’Água. Os dados isotópicos e químicos sugerem interação de dois componentes dos membros finais. Propomos que o ARC é derivado do derretimento parcial de uma fonte anfibolítica na crosta inferior, remanescente de uma crosta oceânica basáltica subpropulsada, que poderia ter interagido com a água oceânica em baixa temperatura, levando ao aumento do δ18O e à contaminação com componentes da crosta relacionados.aos sedimentos pelágicos. MME poderia representar bolhas de pulsos de magma máfico que invadiram a câmara magmática, como sugerido pelas relações de campo e texturas de plagioclásio.