Uso de glomalina para avaliar a qualidade do solo no Semiárido

Abstract

O solo apresenta uma grande diversidade de componentes químicos, físicos e biológicos e nele existem inúmeros organismos. Esses organismos apresentam uma alta sensibilidade às pequenas alterações do ecossistema, contribuindo na ciclagem de nutrientes e na fertilidade do solo. A conversão de ecossistemas naturais em pastagens pode provocar alterações nas propriedades e na qualidade do solo. Porém, após décadas de agricultura extrativista aliada à pressão de pastejo e à extração contínua de produtos florestais, foram observadas modificações intensas da Caatinga, que levaram ao desaparecimento de grande parte da vegetação de porte florestal, culminando com a desertificação de grandes áreas. Assim, pesquisas ecológicas em parcelas experimentais desenhadas para estudos de longa duração são essenciais para entender e medir as perturbações resultantes de alterações antrópicas e climáticas sobre variáveis biológicas e químicas dos ecossistemas. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar a quantidade de proteínas do solo relacionadas à glomalina (PSRG) em áreas de uso forrageiro no bioma Caatinga. As coletas de solo foram realizadas em estações experimentais do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) e no Instituto federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) localizadas nos municípios de Caruaru, São Bento do Una, Arcoverde, Sertânia, Araripina e Petrolina. Cada área de parcela inclui os seguintes tipos de cobertura vegetal: caatinga fechada (CF); caatinga aberta (CA) e pastagem (PA). Em cada um dos sistemas de uso da terra foram coletadas amostras de 0-20 cm, nas quais foram quantificados os teores de glomalina total e glomalina facilmente extraível. A regeneração da vegetação nativa resultou em aumento das quantidades de Proteínas do Solo Relacionadas à Glomalina (PSRG) facilmente extraível e total no solo, que apresentaram maiores valores nas parcelas de caatinga fechada (68,48%), seguidos da caatinga aberta (52,15%) e pastagem com herbáceas (44,48%). Esses resultados mostram que com a suspensão do pastejo as atividades de PSRG são bem maiores em parcelas de caatinga fechada do que em caatinga aberta e pastagem, além disso, esses dados alimentarão um repositório de informações sobre ciclagem de nutrientes em áreas utilizadas como recurso forrageiro para a pecuária no bioma Caatinga.