Sensoriamento remoto utilizado para detectar os impactos da variação da linha de costa e a sua relação com o estoque de carbono em manguezais tropicais de macromaré

Abstract

A zona costeira está sob constante ação dos processos costeiros, o que lhe garante uma alta complexidade nos fluxos hidrodinâmicos que, por consequência, modificam as morfologias das regiões litorâneas. Este trabalho tem por objetivo analisar os estudos relacionados à análise do comportamento da erosão costeira em ambientes de macromaré, além de buscar entender como esses eventos influenciam no processo de degradação de ecossistemas de manguezais e, particularmente no estoque de carbono. Por apresentar, ao longo dos anos, intensos processos erosivos em sua costa e, também, por possuir grandes ecossistemas de manguezais, foi definida a península de Ajuruteua, localizada no município de Bragança, PA, Brasil, como área de estudo desta dissertação. Para a coleta de dados, foram utilizadas as imagens multiespectrais temporais da série Landsat 5 -TM e Landsat 8 – OLI, dos anos de 2005, 2015 e 2022, e a ferramenta CASSIE - Coastal Analyst System from Space Imagery Engine, utilizada para o cálculo de variação da linha de costa e com auxílio do Sistema de Informações Geográficas QGIS® para criação dos mapas de uso e ocupação. O método deste trabalho consiste na análise das variações das linha de costa, destacando-se, durante a observação desses elementos, os ativos processos de erosão e progradação de toda a área de Ajuruteua, evidenciando, principalmente, os trechos de maior exposição aos processos costeiros (ondas, correntes, marés e ventos), como, por exemplo, as zonas próximas à canais de maré, estuários, áreas de ocupação urbana com grande intensidade erosiva, destacando-se as regiões próximas das praias de Ajuruteua e da praia do Pilão, as quais apresentam uma taxa de variação média da linha de costa de -4,7 m/ano e um recuo médio de 81,8 m, entre o período analisado (2005-2022). Em Ajuruteua, é possível perceber que a progradação ocorre entres áreas mais internas (Baía do Caeté e a Baia do Taperaçu) e menos expostas às ações de ondas e marés; outro fator importante é a presença das barreiras naturais presentes nesses trechos, fazendo com que aconteça uma redução da perda de sedimentos e, consequentemente, ocorra a diminuição da retração da maré, tendo uma variação média da linha de costa de 7,6 m/ano e um avanço de médio de 154,7 m. A península apresentou ao longo dos 17 anos uma perda de manguezal de 105,84 hectares, ocasionando um perda potencial de estoque total de carbono de aproximadamente 54.082 Mg C, grande parte das áreas presentes nas proximidades a praia de pilão e praia de Ajuruteua. Tais resultados evidenciam que o avanço da erosão costeira pode ocasionar perdas significativas dos estoques de carbono dos ecossistemas de manguezais, com emissões potenciais significativos de CO2 para a atmosfera.