Práticas de alfabetização para uma criança com transtorno do espectro autista : o trabalho colaborativo entre professoras do ensino regular e do Atendimento Educacional Especializado

Abstract

O Brasil possui um leque de dispositivos legais – como, por exemplo, a Lei no 8.069/90, a Lei no 9.394/96 e a Lei no 12.764/12 – que fomentam a educação especial na perspectiva inclusiva. Estes dispositivos são amparados por documentos internacionais, dentre os quais a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Declaração de Salamanca (1994) e a Declaração de Guatemala (1999). Em relação ao processo de escolarização das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a partir dos anos 2000, tivemos o aumento do número de matrículas de alunos autistas no sistema regular de ensino. Este aumento reforça a importância do debate sobre o acesso e a qualidade da educação para essas pessoas, partindo do pressuposto de que a inclusão de alunos com TEA no ensino regular favorece o seu desenvolvimento cognitivo e social. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral analisar as práticas de alfabetização vivenciadas por uma criança com TEA, a partir do trabalho colaborativo de professores do ensino regular e do Atendimento Educacional Especializado (AEE). De modo específico, pretendemos: 1) analisar como acontece o planejamento das atividades de alfabetização que o estudante com TEA vivencia na escola; 2) compreender o que a criança com TEA vivencia de alfabetização na sala de aula regular e na sala de recursos multifuncionais, no momento do Atendimento Educacional Especializado; e 3) identificar os recursos utilizados, durante as intervenções pedagógicas, nos dois contextos de aprendizagem, bem como as metodologias que orientam as práticas e os procedimentos na atuação pedagógica dos professores no processo de alfabetização da criança com TEA. Este é um estudo qualitativo, seguindo o proposto por Rampazzo (2015). Ainda acerca da metodologia, a Análise de Conteúdo, de Bardin (1977), foi utilizada na tratativa dos dados obtidos. Como instrumentos de coleta dos dados, lançamos mão da observação, da entrevista e da análise documental. Diante disso, constatamos que não há trabalho colaborativo entre as professoras participantes deste estudo por diversos motivos, sendo o principal deles a falta de tempo delas em razão de seus outros vínculos de trabalho. Como consequência, as práticas de alfabetização desenvolvidas pelas professoras, bem como a visão acerca do trabalho junto à criança com TEA são divergentes.