Extrato Etanólico de Cacto Mandacaru (Cereus jamacaru DC) previne efeitos tóxicos da Rotenona em modelo experimental de Doença de Parkinson

Abstract

A Caatinga é um ecossistema presente no Nordeste brasileiro com a presença de várias plantas que possuem compostos bioativos com potencial efeito nutracêutico em condições oxidativas. O cacto Cereus jamacaru D.C., popularmente conhecido como Mandacaru, possui propriedades medicinais, com efeitos antitumorais e citoprotetores em doenças renais e cardíacas. O presente estudo testou a hipótese de que o extrato etanólico do cladódio do C. jamacaru pode ser benéfico contra alterações bioquímicas induzidas pela rotenona em modelo de doença de Parkinson usando Drosophila melanogaster. Moscas jovens (3-4 dias) foram divididas em 6 grupos (n= 60/grupo em triplicata) de acordo com a dieta por 7 dias: controle, rotenona 50 µM, extrato 0,05 mg/g de dieta, extrato 0,075 mg/g de dieta, rotenona 50 µM+ extrato 0,05 mg/g de dieta e rotenona 50 µM + extrato 0,075 mg/g de dieta. Taxa de sobrevivência e homogenatos do corpo inteiro foram obtidos para ensaios bioquímicos de óxido nítrico-sintase (NO), tióis totais, níveis de espécies reativas de oxigênio (EROS). Os resultados mostraram que a taxa de mortalidade induzida pela rotenona de 30%, foi prevenida pelo extrato etanólico de C. jamacaru nas duas concentrações (p<0.01). Os danos causados pela rotenona no aumento dos níveis de óxido nítrico-sintase e de tióis totais (p<0.01) foram prevenidos pelo extrato. Em relação à produção de EROS, apenas a concentração de extrato de 0,075 mg/ g de dieta foi capaz de reverter os efeitos da rotenona. Os resultados indicam que o C. jamacaru na dieta exerce efeitos antioxidantes contra o status oxidativo e mortalidade induzidos pela rotenona. Os dados estimulam estudos farmacológicos adicionais para investigar este cacto como uma nova intervenção dietética na prevenção ou tratamento da doença de Parkinson e reforçam a sua necessária sustentabilidade na Caatinga.