O que os estudantes encontram fora da escola? um olhar sobre o ambiente alimentar de Vitória de Santo Antão/PE

Abstract

O ambiente alimentar refere-se aos fatores que influenciam a disponibilidade, acessibilidade e escolha de alimentos em um espaço, incluindo aspectos físicos, sociais, econômicos, culturais e comerciais. Esses fatores moldam os hábitos alimentares da população. Estabelecimentos como fast-foods e supermercados próximos a escolas podem impactar negativamente a alimentação de crianças e adolescentes, contribuindo para o aumento de sobrepeso e obesidade. Este estudo teve como objetivo caracterizar o ambiente alimentar no entorno de escolas, com foco na disponibilidade de alimentos segundo o grau de processamento. Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo, realizado entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, no município de Vitória de Santo Antão/PE. Para isso, foi realizado o mapeamento de estabelecimentos que comercializam alimentos em um raio de 300m ao redor de cinco escolas selecionadas. Foram utilizados dois checklists estruturados e adaptados da metodologia AUDIT-NOVA, para avaliar a disponibilidade e predominância de diferentes tipos de alimentos. A análise combinou abordagens quantitativas empregando análises descritivas para interpretar os dados coletados. No total, foram auditados 47 estabelecimentos, sendo 34 varejistas e 13 ambulantes. Os resultados revelaram que alimentos ultraprocessados (AUP) predominam sobre alimentos in natura ou minimamente processados no entorno das escolas analisadas. A Escola Municipal Aplicação apresentou o cenário mais preocupante, com 100% de disponibilidade de AUP em seu entorno. Entre os estabelecimentos varejistas, os AUP também se destacaram, com alta disponibilidade em 31 (91,2%) dos locais, sendo refrigerantes (79%), salgadinhos de milho (70,6%) e guloseimas (64,7%) os produtos mais frequentes. O cenário entre os ambulantes, os AUP também predominaram, com destaque para biscoitos recheados (76,9%), salgadinhos de milho (69,2%) e guloseimas (76,9%), além de chocolates ao leite e salgados (23,1% cada). Esses achados evidenciam a necessidade urgente de intervenções para transformar o ambiente alimentar escolar. A integração de estratégias de educação alimentar e nutricional, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar e outras iniciativas governamentais, é crucial para promover hábitos alimentares saudáveis e garantir o bem-estar e a saúde dos estudantes.