Aplicação de técnicas in vitro e in vivo para quantificação de resíduos de dimetoato como estratégia para avaliação da exposição de trabalhadores envolvidos na agricultura familiar

Abstract

Os agrotóxicos são substâncias empregadas na agricultura para proteger as plantas contra pragas e promover um alto rendimento das culturas e seus derivados. No entanto, o contato dos trabalhadores rurais com estes produtos, primariamente através da pele, da via inalatória e da mucosa ocular, pode expô-los a inúmeros riscos à saúde, como irritação dérmica, parestesia, alterações nos sistemas cardiovascular, respiratório, alterações hematológicas e reações alérgicas. Sendo assim, este trabalho busca avaliar a exposição dérmica (ED) ao Dimetoato de trabalhadores da agricultura familiar, após 4 horas de aplicação rotineira em plantação de limão, e de forma complementar, avaliar a concentração deste pesticida na saliva, mucosa nasal e fluido lacrimal. Ao mesmo tempo, tem como objetivo avaliar a permeação in vitro (IVPT) do dimetoato através de mucosas esofágica, sublingual e jugal de porco, além das peles humana, de porco e rato, utilizando células de difusão vertical e horizontal. No estudo in vivo, a técnica empregada para a retirada do estrato córneo (EC) foi o tape-stripping, associado a dosagem do agrotóxico em patches de algodão que foram aderidos as vestimentas dos trabalhadores antes do início da aplicação. O doseamento foi realizado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de massas. No estudo in vivo, a média de dimetoato obtida para ED foi de 342,19 ± 487,14 mg/dia, a porcentagem de dose tóxica por hora foi maior que os demais agrotóxicos verificados em outros estudos, e os fatores de penetração no EC variaram entre 0,5-14,81 e 0,05-53,96% para nuca e braços, respectivamente. Nos estudos de IVPT, a absorção de dimetoato através da pele humana foi de 14,75% e o valor padrão, na ausência de dados experimentais para este produto, é de 70%. Os resultados mostram que na agricultura familiar há exposição dermal, principalmente relacionada a deficiência de vestimentas corretas durante a aplicação de agrotóxicos, o que torna estes trabalhadores mais vulneráveis.