Projeções de secas meteorológicas, agrícolas e hidrológicas na Bacia do Rio Capibaribe (PE), sob cenários futuros de mudanças climáticas e uso da terra

Abstract

Com o aumento previsto na frequência e intensidade de eventos hidrológicos extremos devido às mudanças climáticas, somado ao desenvolvimento e ao crescimento populacional que ampliam a demanda por recursos hídricos, esta pesquisa analisou a influência das mudanças climáticas e do uso da terra sobre a ocorrência de secas meteorológicas, agrícolas e hidrológicas em curto (2015-2044), médio (2045-2074) e longo prazo (2075-2100) na bacia hidrográfica do Rio Capibaribe, Pernambuco. A metodologia integrou múltiplas abordagens: o modelo hidrológico SWAT foi utilizado para simular os processos hidrológicos da bacia, enquanto o modelo Land Change Modeler (LCM) do TerrSet projetou a dinâmica do uso da terra para os anos futuros. Dez modelos de circulação global foram utilizados nas análises climáticas, sendo o MIROC6 selecionado como o mais representativo para as condições históricas de seca na região. Os resultados indicaram uma redução significativa na precipitação total anual, aumento de eventos extremos de precipitação e maior frequência de dias secos consecutivos, sugerindo um clima mais seco no futuro. As análises dos índices de seca (SPI, SSWI e SRI) revelaram o agravamento das condições de seca, com a propagação dos déficits hídricos ocorrendo de maneira distinta nos sistemas agrícolas e hidrológicos. O aumento projetado das temperaturas, combinado à redução da amplitude térmica diária, reforça os desafios relacionados à evaporação e ao déficit hídrico. O escoamento superficial projetado reflete variações significativas entre as classes de uso e cobertura da terra, com áreas urbanas apresentando os maiores valores de escoamento no cenário SSP5-8.5, particularmente a longo prazo, enquanto áreas de Mata Atlântica demonstraram maior estabilidade. Os índices de seca hidrológica destacaram vulnerabilidades crescentes ao longo do tempo, com padrões distintos entre diferentes setores da bacia. A Região Metropolitana do Recife (RMR) e o Baixo Capibaribe emergem como áreas prioritárias para planejamento hídrico devido à projeção acentuada das secas e sua dependência do abastecimento público e alta relevância econômica. Períodos críticos foram identificados ao longo das projeções, destacando-se os eventos de seca a médio prazo como um dos mais intensos. Conclui-se que as mudanças climáticas e as transformações no uso e cobertura da terra exacerbam os desafios para a segurança hídrica na bacia do Rio Capibaribe. Estratégias integradas são fundamentais para mitigar os impactos projetados e garantir a resiliência socioeconômica da região frente aos cenários futuros.