Avaliação da compatibilidade entre clofazimina e excipientes por meio de análise térmica e espectroscopia FT-IR com suporte quimiométrico

Abstract

Para o surgimento de um novo medicamento é preciso recursos e tempo. Além disso, diversos ensaios e estudos precisam ser realizados para que seja possível inserir um medicamento novo no mercado. Um dos estudos mais importantes nesse processo é o de compatibilidade, que avalia incompatibilidade entre fármaco-excipiente, excipiente-excipiente e/ou fármaco-fármaco, sendo este último quando a formulação apresenta associação. Para que tal estudo ocorra, diversas ferramentas podem ser empregadas, como as análises térmicas de calorimetria exploratória diferencial e termogravimetria, além das análises espectrais como a espectroscopia de absorção na região do infravermelho com transformada de Fourier. Porém, devido a grande quantidade e complexidade de dados obtidos pela análise espectral, é possível acoplar ferramentas quimiométricas para facilitar o entendimento e a interpretação dos resultados. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a compatibilidade entre o fármaco clofazimina e os excipientes de uma formulação teste, utilizando abordagens quimiométricas. Foram realizadas análises por calorimetria exploratória diferencial e espectroscopia do fármaco e excipientes isolados e mistura binária, sendo aplicado a análise de componentes principais nos dados obtidos por espectroscopia. Os ensaios demonstraram diversos eventos térmicos, como redução da intensidade de pico, mudança na forma e antecipação do pico endotérmico. Além disso, com a análise quimiométrica, foi possível filtrar as misturas que poderiam apresentar incompatibilidade, que foi de encontro com os resultados da análise térmica. A partir dessas informações, foram montados os espectros de infravermelho para confirmação de possíveis incompatibilidades. Com todos os dados gerados e interpretados, foi visualizado uma incompatibilidade entre a mistura contendo clofazimina e o SEPITRAP 80, evidenciada por novas bandas no espectro, sugerindo interações e formação de novos produtos não desejáveis.