Racionais MC’s: uma análise pragmática das performances identitárias de raça e classe como ações linguísticas de reexistências negra no rap

Abstract

Esta monografia teve como objetivo geral analisar como os atos de fala do grupo de rap Racionais MC's constroem significados de raça e classe, performatizando identidades raciais de reexistência (Souza, 2009). Especificamente, discutimos o movimento hip-hop no Brasil como uma produção diaspórica e cosmopolita, investigamos as identidades raciais como construídas performaticamente nas práticas de linguagem do Grupo Racionais MC’s, e analisamos “se e como” os atos de fala performativos produzidos por esse Grupo de Rap contribuem para a promoção de práticas de reexistência ao racismo estrutural. Em termos de fundamentação teórica mobilizamos o campo da Pragmática Linguística a partir de Austin (1976), Wittgenstein (1989) Pinto (2002), Muniz (2016), Bonfim (2011, 2022), e o campo dos Estudos Raciais a partir dos saberes de intelectuais negros (as) como Abdias Nascimento (2016), Lélia Gonzalez (1982), Kabengele Munanga (2003), Nilma Gomes (2005) e Silvio Almeida (2019). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e documental. Nossa análise do corpus analisou os versos do rap “Negro Drama” como atos de fala performativos buscando responder à seguinte questão: de que maneira os atos de fala que definem os significados de raça e classe, produzidos pelo grupo Racionais MC’s, performatizam identidades raciais de reexistência ao racismo estrutural no Brasil? A investigação revelou três conclusões principais: a) “Negro Drama” funciona como um ato de fala performativo potente, ao denunciar o genocídio da população negra no país; b) resgata e ressignifica a memória histórica, convertendo-a em um instrumento de enfrentamento a esse genocídio; e c) constrói identidades raciais de reexistência, reconhecendo a periferia como um espaço legítimo de produção de saberes linguísticos negros (Bonfim, 2022).