Ecotoxicologia da água do mar da plataforma continental de Pernambuco

Abstract

A qualidade da água da plataforma continental é indispensável para a manutenção da biodiversidade marinha e para atividades socioeconômicas dependentes dos recursos oceânicos. No entanto, essa região sofre influência de diversos contaminantes, resultantes tanto de processos naturais quanto de ações antrópicas, que podem comprometer a biota aquática. Partindo da hipótese inicial de que as áreas costeiras apresentam maior toxicidade devido à poluição marinha associada à pressão antrópica, o presente estudo teve como objetivo avaliar a ecotoxicidade da água superficial da plataforma continental de Pernambuco por meio de bioensaios com os náuplios do copépode harpacticóide Tisbe biminiensis. Para isso, foram coletadas amostras em 24 pontos distribuídos em seis perfis oceanográficos transversais à costa, com variação de profundidades entre a isóbata de 20 m até 700 m. Os bioensaios foram conduzidos em laboratório para analisar os efeitos letais e subletais das amostras sobre a sobrevivência e o desenvolvimento dos organismos-teste. Os resultados demonstraram um aumento de toxicidade subletal com o aumento da distância da costa e de toxicidade letal também nas maiores distâncias da costa, sobretudo no litoral sul do estado. Esses resultados contrariaram a hipótese inicial, indicando a presença de compostos tóxicos possivelmente provenientes de microalgas tóxicas comuns na região. Este estudo sugere ainda a necessidade de monitoramento contínuo e sistemático da qualidade da água marinha na região, uma vez que a contaminação pode comprometer tanto a biodiversidade local quanto setores socioeconômicos, como pesca e turismo.