Racismo ambiental na Cidade do Recife: Análise do evento climático de maio de 2022

Abstract

Este trabalho busca investigar o evento climático de maio de 2022 e como ele se relaciona com o racismo ambiental na Cidade do Recife. Via de regra, tragédias ambientais são encaradas como incidentes naturais que por casualidade vitimam as pessoas habitantes de determinadas regiões. Porém, tais impactos ambientais são sentidos de diferentes formas pelas populações vulnerabilizadas cujos direitos humanos são violados cotidianamente. Dessa forma, o racismo ambiental expressa-se através do sofrimento provocado por esses impactos de forma reiterada sem ações efetivas no sentido de evitá-las. Associado a isso está a ineficiência das ações governamentais e de políticas públicas. Exemplo recente é o evento ocorrido em maio de 2022, resumido pelas fortes chuvas que afetaram o Estado de Pernambuco entre o final do mês de maio e início do mês de junho e provocaram alagamentos, inundações, deslizamentos de morros e barreiras, milhares de desalojamentos e mais de uma centena de mortes. Diante do exposto, o problema que norteou a pesquisa foi: qual o impacto do racismo ambiental no resultado catastrófico de maio de 2022 na Cidade do Recife? Tomamos como hipótese que o evento climático não foi o único responsável pela tragédia. Para investigar isso, o estudo foi organizado em três partes; foi utilizado o método materialista histórico dialético e os procedimentos metodológicos de revisão bibliográfica, revisão documental, análise qualitativa de dados pluviométricos e análise de dados primários como notícias e reportagens contemporâneas ao evento. Concluiu-se que o evento climático de maio de 2022 foi uma catástrofe natural, porém os danos que atingiram a população foram agudizados pelo racismo ambiental, o que evidencia a necessidade de ampliar o debate sobre a temática no âmbito do Serviço Social.