Eu tenho 20 litros de silicone industrial : uma autoetnografia transfuturista pela vida das travestis

Abstract

Esta monografia aborda, de forma autoetnográfica, a noção de genitalismo (Violet Boudelaire Anzini, 2021) enquanto estrutura que organiza o controle dos corpos a partir de dispositivos como o patriarcado, o heterossexismo, o sexo e o gênero. Visando a crítica à farmacopornografia (Paul B. Preciado, 2023), busco evidenciar os efeitos nocivos desses sistemas normativos e propor saídas possíveis por meio da Contrassexualidade (Paul B. Preciado, 2022). É nesse ponto que emerge o Transfuturismo: uma perspectiva ficcional construída a partir das corporalidades transtravestigêneres, compreendendo nossos corpos como tecnologias capazes de hackear o "cistema". Introduzo também a noção ficcional de Deyse, entidade que expressa a cosmologia Travesti e sua relação com a criação. Ao longo do trabalho, discuto o movimento de Travestis e transexuais, analisando a educação e a prostituição como instrumentos convergentes em nosso processo de resgate social e como ferramentas Transfuturistas. Por fim, apresento o conceito de instrumentos Transfuturistas — tais como o packer, o binder, o amor, o silicone industrial, a aquendação, o pajubá e a calcinha de aquendar — como tecnologias de sobrevivência e afirmação das nossas existências.