Efeitos Ecotoxicológicos de Efluentes das Lavanderias Beneficiadoras de Jeans de Toritama Usando o Peixe Danio rerio

Abstract

A indústria têxtil é uma das fontes de maior poluição de ambientes aquáticos. Em Toritama, Pernambuco, lavanderias de beneficiamento de jeans (LBJ) liberam seus efluentes contaminados diretamente no rio Capibaribe, e existe uma alta dependência socioeconômica da região com esta atividade. O Danio rerio em sua fase embrio-larval é um teleósteo de água doce utilizado em estudos de ecotoxicologia e já foi foco de estudos para avaliação da toxicidade no rio Capibaribe em seu trecho próximo da região metropolitana do Recife. O objetivo desse estudo consiste em avaliar o quanto as LBJ interferem na qualidade da água do rio Capibaribe no decorrer do seu percurso pelos municípios pernambucanos de Santa Cruz de Capibaribe e Toritama, utilizando a fase embriolarval de D. rerio como biomodelo para análise da toxicidade. Foram coletadas amostras de efluentes de 5 LBJ e de águas superficiais de 12 pontos do rio Capibaribe incluindo a sua nascente. Foi observada alta letalidae nas amostras referentes a todos os efluentes, ou amostras que recebem influência direta desses efluentes, indicando mortalidade de 100% dos organimos expostos. Enquanto as amostras coletadas 4km antes da interferência dos efluentes as taxas de mortalidade variaram de 0 a 33%. A concetração letal a 50% dos organismos (CL50) cálculada em 96h de exposição para os efluentes variou 17,3% a 29,6%, assim como a média das amostras superficias com depejo de efluentes indicando uma baixa diluição dos contaminantes presente. A toxicidade observadas nas amostras dos trechos de Santa Cruz e de alguns efluentes pode ser justificada com base na concentração de NH3, que em alguns casos chegou a ser o triplo da CL50-96h encontrado para D.rerio na literatura. A situação verificada está em flagrante desacordo com a Resolução CONAMA 430 de 2011, com base nos critérios de toxicidade aceitáveis dos efluentes sendo lançados em função de suas vazões e da vazão do corpo receptor, neste caso o Rio Capibaribe. Considerando-se uma (CL50-96h) média de 22% quantificada para os efluentes testados, a concentração destes efluentes após sua mistura e diluição com o corpo receptor segundo a resolução CONAMA 430 deveria ser no máximo “menor ou igual que a CL50/10”, ou seja, a concentração do efluente no corpo receptor deveria ser no máximo de 2,2% após sua mistura com o rio Capibaribe. Para isso, a vazão do rio Capibaribe devereria ser cerca de 45 vezes superior a vazão dos efluentes despejados no rio. Logo, é preciso que as estimativas das vazões do rio Capibaribe, do riacho de Canudos que desagua no rio e dos efluentes nele lançados sejam realizadas, assim como é preciso que as autoridades competentes apliquem medidas voltadas ao amparo técnico, tratamento de resíduos e fiscalização voltada para as lavanderias.