Perspectivas sobre o desenvolvimento de vacinas e imunoterapias para doenças causadas por fungos de importância médica

Abstract

As infecções fúngicas representam um crescente desafio à saúde pública global, especialmente entre indivíduos imunocomprometidos, pacientes internados em unidades de terapia intensiva, submetidos a tratamentos quimioterápicos ou a transplantes de órgãos. Em resposta a essa preocupação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou sua primeira lista de patógenos fúngicos prioritários, visando destacar sua importância para a saúde pública e incentivar investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. Estima-se que ocorram cerca de 150 milhões de infecções fúngicas graves anualmente, resultando em aproximadamente 1,7 milhão de óbitos. No Brasil, aproximadamente 3,8 milhões de pessoas são afetadas por essas doenças. Os principais fungos de importância médica incluem Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides spp., Sporothrix spp., Aspergillus fumigatus, Candida albicans e Candida auris. Atualmente, o tratamento das infecções fúngicas sistêmicas é limitado a quatro classes principais de antifúngicos: azóis, equinocandinas, pirimidinas e polienos, que estão associados a efeitos adversos significativos, tratamentos prolongados e crescente resistência fúngica. Diante desse cenário, a busca por novas estratégias, como imunoterapias e vacinas, tem se mostrado promissora na modulação da resposta imune contra infecções, contribuindo para a prevenção de milhões de mortes anualmente e impactando positivamente a economia da saúde. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o desenvolvimento de vacinas e imunoterapias para o tratamento e prevenção de infecções fúngicas de relevância médica. A pesquisa foi realizada por meio de um levantamento bibliográfico nas bases de dados PubMed, ScienceDirect e SciELO usando os descritores: "immunotherapy", "vaccine ","Fungal Infections” e “Fungal diseases” combinados com o operador booleano "AND". Foram selecionadas publicações disponíveis nos idiomas inglês ou português (Brasil) abrangendo estudos publicados entre os anos de 2019 e 2024, totalizando 48 artigos utilizados na realização do estudo. Embora ainda em fase pré-clínica, os resultados promissores das vacinas discutidas indicam potencial para avançar em pesquisas e, futuramente, serem aprovadas para uso humano. O estudo também revelou que a falta de investimentos específicos e a escassez de programas de pesquisa voltados para infecções fúngicas no Brasil e em muitos outros países dificultam o avanço desses estudos que possuem boas perspectivas futuras.Nesse contexto, a implementação de vacinas e imunoterapias representa uma esperança para mitigar os impactos das infecções fúngicas, exigindo colaboração entre governos, instituições de pesquisa e profissionais da saúde. Este trabalho contribui para a discussão sobre o desenvolvimento de vacinas e imunoterapias para doenças fúngicas, destacando possibilidades que podem ser aprimoradas e estudadas mais profundamente. Além disso, identifica lacunas existentes na literatura, evidenciando a necessidade de estudos específicos para determinados fungos que ainda carecem de atenção científica.