As representações sociais da arte na Educação Infantil : sentidos compartilhados por professoras de Jaboatão dos Guararapes -

Abstract

A inserção da arte na educação escolar é atravessada por transformações sociais, culturais e educacionais que marcaram o cenário brasileiro. Com a promulgação da Lei 9.394/96, o Ensino de Arte passa a integrar o currículo escolar da Educação Básica. Nesse contexto, a Arte deve ser integrada às vivências da Educação Infantil perpassando os cinco campos de experiência. Compreende-se que além de ser influenciada por documentos normativos, as vivências artísticas possibilitadas em suas práticas são orientadas pelas representações sociais que as/os docentes compartilham, que podem se constituir a partir dos pressupostos teóricos que fundamentam diferentes concepções de Ensino de Arte (Silva, 2005). Portanto, toma-se a Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1978) enquanto um arcabouço teórico para compreender as representações sociais acerca da Arte compartilhadas

por professoras que atuam na Educação Infantil em Jaboatão do Guararapes- PE. Para tanto, foi realizada uma análise do campo semântico dessas

representações, identificando tanto os elementos centrais quanto os periféricos, além das concepções de Ensino de Arte predominantes nas representações sociais compartilhadas pelas professoras. O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um questionário, um teste de associação livre de palavras (TALP) preenchido por 100 docentes e de imagens de algumas atividades pedagógicas realizadas pelas participantes. Os dados coletados passaram por uma análise de frequência simples e Análise Prototípica com o auxílio do software IRAMUTEQ. Em complemento, a Análise de Conteúdo, com base nos princípios de Bardin (1979), possibilitou encontrar os reflexos das representações sociais nos discursos expressos no questionário. Os resultados da análise prototípica indicam que os cognemas criatividade, pintura, desenho, expressão e liberdade ocupam a centralidade nas representações compartilhadas pelas professoras, acompanhados por outras 22 unidades cognitivas que integram o sistema periférico. Ao analisar as implicações das representações sociais na prática docente, a partir do questionário, foram categorizadas 20 vivências artísticas realizadas na Educação Infantil. Dentre essas vivências, a pintura e o desenho se mostraram mais frequentes, indicando certa coerência entre os sentidos e a prática das professoras. Na

categorização das unidades cognitivas, conforme as concepções de ensino descritas por Silva (2005), constatou-se a predominância de elementos relacionados a Arte como expressão (41%), Arte como atividade (37%) e Arte como conhecimento (22%). Nesta análise não foi possível estabelecer uma relação direta das representações sociais com a concepção de Ensino de Arte como técnica, embora algumas vivências, como a dobradura, sugerissem uma preocupação com o domínio técnico.