Prevenção do HIV/AIDS no Delta do Parnaíba: diálogos sobre estratégias de governamentalidade, biopolítica e juvenilização

Abstract

As políticas de saúde atuam como potentes elementos no governo das populações. No Brasil, as políticas públicas voltadas à prevenção aos agravos em saúde sexual têm elegido os jovens como grupo preferencial de suas intervenções. Assim, essa tese versa analisar as estratégias de governamentalidade presentes na política de prevenção à juvenilização da Aids no Delta do Parnaíba. E, para tal, definimos os seguintes objetivos específicos: 1) Identificar acontecimentos, incidentes críticos e documentos que conformam o processo de construção da política de Aids no Delta, visibilizando aqueles que envolvem os jovens; 2) Mapear, por meio de um exercício proto-genealógico, o contexto político no qual a política está inserida; 3) Analisar narrativas e jogos de poder existentes entre os operadores “estatais” da política e usuários jovens. Para realização da pesquisa, que subsidiou a escrita dessa tese, foi necessário “fazer parte” do processo. Assim, utilizamos a proposta da pesquisa-intervenção, bem como os pressupostos construcionistas sociais e de autoras do feminismo, que propõem uma outra forma de produzir ciência. Nesse sentido, a produção de conhecimento científico constitui-se em um ato político. Em nível tático-operacional, seguimos as seguintes etapas: (A) Articulação de um fórum local, reunindo movimentos sociais, gestores e profissionais de saúde, pesquisadores e estudantes, com vistas a debater e produzir respostas articuladas acerca da epidemia de HIV/Aids em Parnaíba; (B) Realização de entrevistas semiestruturadas com gestores e profissionais de saúde, visando compreender os processos presentes na operacionalização do Programa Municipal de Prevenção ao HIV/Aids; (C) Oficinas com jovens entre 19 a 25 anos, residentes em Parnaíba. A análise produzida a partir das informações aponta que é preciso reconhecer as multiplicidades das experiências juvenis, bem como a importância de marcadores sociais como a raça nas estratégias de prevenção ao HIV/Aids. Precisamos avançar de uma perspectiva prescritiva fortemente presente nas ações de prevenção, para uma posição dialógica, resultante da interface entre os aspectos normativos, como as experiências cotidianas dos jovens.