Caracterização morfológica e molecular dos representantes da tribo Amansieae (Ceramiales, Rhodomelaceae) no Oceano Atlântico Tropical do Brasil

Abstract

A tribo Amansiae está amplamente distribuída nas regiões tropicais e temperadas do mundo, constituída por 60 espécies. No litoral brasileiro, a tribo está representada por quatro gêneros: Amansia J.V. Lamouroux, Enantiocladia Falkenberg, Halopithys Kützing e Osmundaria Kützing. Exceto o último, que foi revelado ser mais diverso que o reportado, todos os demais são monoespecíficos para o litoral brasileiro, além de possuírem afinidades tropicais, com distribuição que se estende do litoral do Maranhão até o Rio de Janeiro. Os representantes desta tribo apresentam talo ereto, que podem ser cilíndrico, mas em sua maioria são achatados, exibindo faces dorsal e ventral, provenientes do desenvolvimento dos ápices de ramos enrolados. O talo é polissifônico formado por cinco a seis células pericentrais. O principal objetivo deste estudo foi realizar a caracterização morfológica, assim como a análise das sequencias dos marcadores plastidial (rbcL) e da mitocôndria (COI-5P) nas espécies da tribo Amansieae ocorrentes na costa brasileira. A coleta foi realizada ao longo do litoral brasileiro, no período de junho de 2013 a junho de 2016. Adicionalmente, foram examinadas exsicatas de herbários nacionais e o acervo digital do Lund University Botanical Museum (LD) para complementar os estudos da morfologia e analisar a distribuição geográfica. Com base nos resultados morfológicos e moleculares foram identificados sete táxons, quais sejam: Amansia multifida, Enantiocladia duperreyi, Halopithis schotii, Osmundaria obtusiloba e três espécies ainda não definidas (Osmundaria sp. 1, Osmundaria sp. 2 e Osmundaria sp. 3). As divergências interespecíficas para o gênero Osmundaria variaram de 1,4 a 4,9 % para o marcador rbcL e de 1,8 a 10% para COI-5P. Os menores valores de divergência foram encontrados entre Osmundaria sp. 2 e Osmudaria sp. 3 (1,8% em COI-5P e 1,4% em rbcL), ambas as espécies encontradas somente no Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os dados morfológicos e moleculares revelaram uma adição ao número de táxons da tribo Amansieae no litoral brasileiro e que as espécies não definidas podem constituir novas adições à ciência.