Validação e reprodutibilidade do teste de degrau de seis minutos em indivíduos com apneia obstrutiva do sono tratados com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP)

Abstract

Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS) é caracterizada por obstrução das vias aéreas superiores durante o período do sono, promovendo intermitentes eventos de hipóxia-reoxigenação. Como forma de tratamento, a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é o padrão-ouro e atua diminuindo as repercussões da doença e colaborando para manutenção da capacidade funcional de exercício. Para mensuração da tolerância ao esforço, uma boa opção é o teste de degrau de seis minutos (TD6M), que é um teste de baixo custo e submáximo, além de apresentar adaptabilidade em diversos ambientes. Apesar de outros testes de campo já terem sido validados para avaliar a tolerância ao esforço de indivíduos com AOS tratados com CPAP, não há estudos que utilizem o TD6M nesta população. Objetivo: Avaliar a validade e reprodutibilidade do TD6M na determinação da capacidade funcional de exercício em indivíduos com AOS tratados com CPAP. Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal, no qual foram avaliados 48 voluntários com idade entre 18 e 70 anos e diagnóstico de AOS de grau moderado e grave, tratados com CPAP por, no mínimo, dois meses. A realização dos testes para avaliação da capacidade funcional de exercício ocorreu em dois dias, com um intervalo máximo de sete dias entre eles. Em cada dia, os voluntários realizaram dois TD6M ou dois testes de caminhada de seis minutos (TC6M), cuja ordem foi determinada por randomização. Resultados: 60,4% dos voluntários eram do sexo masculino, com idade de 54,5±9,9 anos e índice de massa corporal (IMC) de 33,2±5,3 kg/m2. Foi observada uma correlação positiva moderada entre a distância percorrida no TC6M e o número de subidas no TD6M, (r=0,520; p<0,001). Não foram encontradas diferenças (p>0,05) no número de subidas entre os dois TD6M (121,7±27,1 vs. 123,6±26,7 degraus) e a diferença no número de degraus subidos entre o primeiro e o segundo TD6M foi de 1,9±8,3 degraus. A reprodutibilidade do desempenho obtido no TD6M foi considerada excelente de acordo com o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) (r=0,97; IC=95%; 0,95-0,98; p<0,001), assim como para as variáveis fisiológicas mensuradas imediatamente após e no primeiro minuto da fase de recuperação do teste. Com relação as respostas cardiovasculares, foram observados maiores valores no TD6M quando comparado ao TC6M com relação à frequência cardíaca (FC) no sexto minuto, percentual predito da FC máxima, pressão arterial sistólica no sexto minuto e no primeiro minuto da fase de recuperação, e fadiga de membros inferiores no sexto minuto. Conclusão: De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, o TD6M é válido, seguro e reprodutível para avaliação da capacidade funcional de exercício em indivíduos com AOS tratados com CPAP. Além de fácil aplicabilidade e monitorização, baixo custo, pode ser realizado em pequenos ambientes. Neste estudo, também não houve efeito aprendizado, mostrando que a realização de um único teste é suficiente para fornecer dados confiáveis.