Associação da composição corporal com consumo alimentar e estilo de vida no pré-operatório de cirurgia bariátrica

Abstract

A velocidade de crescimento da obesidade mórbida é superior à da obesidade em geral. Por isso, o número de cirurgias bariátricas cresceu 84,73% entre os anos de 2011 e 2018 no Brasil. Melhores resultados do pós-operatório dependem do estado nutricional prévio. O objetivo do estudo foi avaliar a associação da composição corporal com consumo alimentar e estilo de vida no pré-operatório de cirurgia bariátrica. Trata-se de estudo transversal, realizado no período de 2018-2019, com pacientes adultos admitidos para a realização da cirugia, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz-UPE. Foram obtidos dados sociodemográficos, composição corporal (massa gorda, gordura troncular, massa magra e massa óssea) pela densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), consumo alimentar pelo questionário de frequência alimentar validado para pacientes bariátricos e adaptado no Brasil com mensuração convertida em escores, estilo de vida e bioquímica. A ingestão alcoólica foi avaliado pelo método AUDIT (Alcool Use Disorders Identification Test) e atividade física pelo IPAC (Questionário Internacional de Atividade Física). Participaram do estudo 60 pacientes, sendo 78,3% do sexo feminino, com idade de 38,8±9,6 anos. A maioria apresentava pelo menos 10 anos de estudo (75%) e eram procedentes do interior do estado (58,3%). Na prática de atividade física, 31,7% eram sedentários. O uso de bebida alcoólica foi observado em 33,3% dos pacientes. Desses, 75% foi classificado pelo AUDIT em baixo risco/abstêmico, do quais 65% ingeriam mais de 3 doses por ocasião, em frequência de 2 a 4 vezes/mês. Quanto a composição corporal, o percentual de gordura foi 49,3 ± 5,12%. Os valores absolutos de gordura troncular e massa magra foram, 26,84±5,34 Kg e 55,85±10,19 Kg, respectivamente. A densidade mineral óssea foi de 11,1 ± 0,08 g/cm². Quando estratificado por sexo, os homens apresentavam maior peso (p=0,001), altura (p<0,001), circunferência da cintura (p=0,002), massa magra corporal (p=0,001), conteúdo mineral ósseo (p=0,024) e ferritina (p=0,048) do que as mulheres. Quando avaliado a composição corporal com consumo alimentar, observou-se que menor quantidade de gordura troncular associou ao maior consumo de carboidratos (p=0,044). Assim como, pacientes que tinham menor peso (< 120kg) tendiam a consumir menor quantidade de carboidratos (p=0,051). Em relação ao estilo de vida, os sedentários ingeriam mais carboidratos (p=0,041) e indivíduos que nunca fumaram apresentavam o consumo maior de frutas, hortaliças e azeite (p=0,031). Não houve associação das demais variáveis explicativas com o consumo alimentar. Portanto, conclui-se que a gordura troncular associou com o consumo de carboidrato, assim como o estilo de vida sedentário. Além disso, não fumar no pré-operatório de cirurgia bariátrica esteve relacionado com maior consumo de frutas, hortaliças e azeite.