Respostas perceptivas e fisiológicas de estudantes do Ensino Médio antes e após um teste físico em quadras de esportes termicamente distintas

Abstract

A Ergonomia tem característica interdisciplinar, usa conceitos de saúde, anatomia, fisiologia, psicologia, linguística, bem como da arquitetura e antropometria. Já a Ergonomia do Ambiente Construído ultrapassa as questões arquitetônicas, priorizando a adaptação do espaço e a atividade que nele será desenvolvida. O ambiente escolar quando relacionado ao conforto ambiental, nota-se que muitas escolas públicas ainda não possuem uma configuração ideal. Quando se trata de conforto térmico, existem escolas que colocam em riscos à saúde física dos estudantes, facilitando o aparecimento de doenças térmicas brandas. O objetivo desse estudo foi comparar as respostas perceptivas e fisiológicas de estudantes do ensino médio, obtidas em duas quadras de esportes de configurações e características térmicas distintas, antes e após o teste de corrida de 1.600m. Trata-se de um estudo multicasos, observacional, descritivo, de caráter experimental, com abordagem qualitativa baseado na ergonomia do ambiente construído. Na quadra coberta, o limite de tolerância não foi ultrapassado, tendo a temperatura mínima e máxima registrada em 27.2ºC e 27.8ºC, sendo permitidas atividades pesadas, como testes físicos, atividades moderadas e aulas práticas de Educação Física. Já na quadra descoberta verificou-se que o limite de tolerância foi ultrapassado, com a temperatura mínima e máxima registrada em 30.3ºC e 34ºC, não sendo permitidas atividades como testes físicos e principalmente aulas práticas de Educação Física. Essas respostas sinalizam um grande risco à saúde dos estudantes, apresentando uma facilidade às doenças térmicas brandas. A Umidade Relativa do Ar (URA) mostrou condições favoráveis para a prática de atividades físicas nas duas quadras. A percepção térmica dos estudantes em relação à quadra descoberta foi de um ambiente quente e desconfortável, enquanto a quadra coberta, um ambiente ligeiramente morno, mas confortável. Quanto ao efeito da termografia, mostrou diferença não significativa na temperatura da pele (Tpele) em ambas as quadras, no entanto, não foi identificados riscos à saúde dos estudantes. Em relação ao desempenho da Aptidão Cardiorrespiratória (ACR), os estudantes alcançaram um excelente desempenho só na quadra coberta. De maneira geral, os resultados indicam a necessidade de ajustes, principalmente na quadra descoberta, a fim de contribuir em prol de um ambiente confortável termicamente.