Avaliação da segurança de uso e do potencial antioxidante, antimicrobiano e anti-inflamatório do extrato aquoso das folhas de Sideroxylon obtusifolium (ROEM. & SCHULT.) T.D. Penn

Abstract

Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) é uma planta da família Sapotaceae, conhecida popularmente como "quixabeira" ou "rompe-gibão", amplamente distribuída no bioma Caatinga e usada na medicina popular para o tratamento de úlcera, gastrite, azia, inflamação crônica, inflamação ovariana, infecções e cicatrização. Neste contexo, o objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial antioxidante, antibacteriano, anti-inflamatório e a segurança de uso do extrato aquoso das folhas de S. obtusifolium na lesão pulmonar aguda induzida por LPS (LPA) em camundongos. A atividade antioxidante in vitro da S. obtusifolium foi avaliada pelos métodos de sequestro dos radicais livres DPPH e ABTS. A atividade antimicrobiana foi testada frente às cepas normais (03) e multirresistentes (ATCC 15 442) de Pseudomonas aeruginosa e o efeito modulador da atividade antibiótica, apenas em nas multirresistentes. A toxicidade in vitro do extrato aquoso foi avaliada frente a linhagens de fibroblastos L929 e mastocitoma P815. Na avaliação in vivo, foram realizados o ensaio toxicológico não clínico agudo (2.000 mg/kg) e o teste de toxicidade de doses repetidas (125, 250 e 500 mg/kg). Na atividade antioxidante, o extrato aquoso apresentou uma concentração necessária para inibir 50% do radical DPPH (CE50) de 160,38 ± 7,87 μg/mL, enquanto que o percentual de inibição do radial ABTS foi de 59,64 ± 1,47 %. O extrato não apresentou atividade antimicrobiana significativa, apresentando concentração inibitória mínima (CIM) > 1024 μg/mL frente à cepas de Pseudomonas aeruginosa, entretanto, quando associado à amicacina, o extrato apresentou atividade sinérgica, diminuindo sua CIM em 50% (32 μg/mL) frente à estirpe ATCC 15 442. Na atividade citotóxica, o extrato aumentou a proliferação de fibroblastos, enquanto que reduziu a proliferação dos mastocitomas. No teste toxicológico não clínico agudo, os animais tratados com o extrato não apresentaram sinais de toxicidade durante a monitoração diária. A DL50 do extrato foi superior a 2000 mg/kg de massa corporal. Na toxicidade de doses repetidas, apenas uma morte foi registrada, no grupo de fêmeas que recebeu o extrato na dose de 500 mg/kg, e alterações na massa dos fígados do animais tratados com as maiores doses do extrato em relação aos animais do controle. O pré-tratamento com o extrato nas doses de 25, 50 e 100 mg/kg diminuiu significativamente o percentual de leucócitos totais no lavado broncoalveolar (LBA) dos animais com LPA em relação ao controle lesionado, em especial, de neutrófilos, monócitos linfócitos e eosinófilos. O pré-tratamento também foi capaz de diminuir a atividade da enzima mieloperoxidase (MPO), do pulmão dos animais tratados, e os níveis de óxido nítrico (NO) no LBA desses animais, entretanto, não interfiriu na quantidade de TNF-α do tecido pulmonar. A partir dos resultados obtidos nesse trabalho, pode-se concluir que o extrato aquoso de S. obtusifolium apresentou atividades antioxidante, moduladora de antibióticos e anti-inflamatória, provavelmente associdas à redução de radicais livres e inibição da migração leucocitária no local da inflamação. Além disso, o extrato apresentou baixa toxicidade in vitro e in vivo.