Volume e capacidade: análise praxeológica de duas coleções de livros didáticos dos anos finais do ensino fundamental

Abstract

Este trabalho analisou a abordagem dos conteúdos volume e capacidade em duas coleções de livros didáticos dos anos finais do Ensino Fundamental II, que tinham em comum um autor e um espaço temporal de duas décadas de publicações entre eles. A análise dos dados objetivou esclarecer quais as contribuições que documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e o Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD), por exemplo, exerceram para a melhoria do material e, por conseguinte, do ensino da Matemática nestes temas. A fundamentação teórica apoia-se em quatro conceitos, algumas definições e discussões envolvendo: os PCN, o PNLD, o livro didático e, volume e capacidade. O entrelaçamento desses itens é analisado sob o ponto de vista da praxeologia da Teoria Antropológica do Didático (TAD), utilizando uma metodologia qualitativa de pesquisa documental e bibliográfica. São analisadas duas coleções de livros didáticos que têm um autor em comum em duas publicações distintas: uma versão de 1994 (última aprovada antes dos PCNs) e outra de 2015 (última aprovada antes da vigência da Base Nacional Curricular Comum (BNCC)). As atividades dessas duas coleções foram identificadas, organizadas e classificadas a partir de seus tipos de tarefas e técnicas, ressaltando o bloco teórico (tecnologia e teoria) envolvido, sempre que possível. A partir dessas análises prévias foram estabelecidas a tipificação das tarefas relacionadas a volume e capacidade, procedendo a comparação entre as coleções a partir do modelo proposto por Almouloud (2015). Como principais resultados temos a identificação de diferentes estruturas de tarefas e ênfases no ensino de volumes e capacidade; a reestruturação da Organização Matemática entre as coleções, diferentes não apenas pelo número de atividades, mas também pelos tipos de tarefas utilizadas na coleção mais recente. Também foi observada a vigilância epistemológica de documentos que orientam o ensino na sociedade e as escolhas dos autores em seus materiais, como os PCNs e o PNLD. Dessa forma, o livro didático provou ser um facilitador para que proposições da noosfera estejam acessíveis ao professor e aos alunos mais rapidamente. Tais resultados incitam uma reflexão sobre o impacto de uma política de reestruturação curricular como os PCNs para que se observem pontos positivos e negativos que devam guiar o trabalho de implantação, de fato, da BNCC, como atual legislação que atende os currículos das escolas de ensino fundamental, médio e, inclusive, as diretrizes de cursos de licenciatura no Brasil.