Diversidade de Mucoromyceta em brejos de altitude de Pernambuco, Brasil, e avaliação de espécimes produtores de proteases coagulantes do leite

Abstract

A Mata Atlântica nordestina é composta, dentre outros ecossistemas, pelos brejos de altitude, áreas encravadas no semiárido brasileiro cuja microbiota edáfica contempla espécies de fungos, incluindo as do sub-reino Mucoromyceta. Considerando a importância ecológica e o potencial biotecnológico das espécies de Mucoromyceta, esse trabalho teve como objetivos obter dados ecológicos sobre comunidades de Mucoromyceta em brejos de altitude de Pernambuco e caracterizar cepas de Mucor quanto à produção de proteases coagulantes do leite. Foram coletadas amostras de solo nos brejos da Serra do Bituri, Taquaritinga do Norte e Sítio Carro Quebrado, em Pernambuco. Dos solos examinados foram isolados 45 táxons de Absidia, Actinomucor, Backusella, Cunninghamella, Gongronella, Lichtheimia, Mortierella, Mucor, Rhizopus, Syncephalastrum e Umbelopsis. Vinte e sete novos registros estão sendo assinalados para os brejos de altitude estudados, incluído três novas espécies e duas primeiras ocorrências para a América do Sul. A riqueza e a diversidade de Mucoromyceta no solo do Sítio Carro Quebrado diferiram em relação ao solo dos outros brejos, embora a composição das comunidades não tenha variado. Absidia sp.1, Cunninghamella bertholletiae e G. butleri foram abundantes nos brejos e Gongronella butleri foi muito frequente. Duas espécies de Mucoromyceta foram indicadoras do solo de cada um dos brejos de altitude inventariados. Todas as espécies de Mucor testadas foram capazes de produzir proteases coagulantes do leite, tendo Mucor sp.1 e M. souzae exibido potencial para a produção dessas enzimas em larga escala.