Efetividade de um programa de exercícios cervicais na dor e na funcionalidade de pacientes com disfunção temporomandibular : estudo clínico controlado e randomizado

Abstract

Pacientes com disfunção temporomandibular (DTM) mista ou dor miofascial mastigatória apresentam comumente dor e incapacidade cervical. Apesar da literatura apresentar evidência de recomendação da fisioterapia e da relação entre a DTM e o déficit de controle motor da musculatura cervical, nenhum estudo avaliou a efetividade de exercícios específicos para a musculatura cervical na melhora da dor e da função orofacial de pacientes com DTM. Portanto o presente estudo objetivou verificar a efetividade de um programa de treinamento de controlo motor específico para os músculos cervicais na melhora da dor, função orofacial e qualidade de vida relacionada à saúde bucal (OHRQoL) de pacientes com DTM, assim como comparar estes resultados com um protocolo de tratamento fisioterapêutico convencional e placebo. Trata-se de um estudo clínico controlado randomizado cego. Foram incluídas 54 mulheres com idade entre 18 e 45 anos, com queixa de dor orofacial nos últimos seis meses, diagnosticadas com Research Diagnostic Criteria (RDC/DTM). Elas foram randomizadas igualmente em três grupos: treinamento cervical (GTC: treino de controle motor para os músculos cervicais), fisioterapia convencional (GTM: terapia manual) e grupo placebo (GP: placebo com ultrassom terapêutico desligado). As pacientes foram avaliadas em cinco momentos: antes da intervenção, após seis semanas do início da intervenção, ao final do tratamento, follow-up de um mês e três meses após o fim do tratamento. Foram avaliadas quanto: intensidade da dor orofacial; função mandibular; OHRQoL, amplitude de movimento (ADM) mandibular; índice de incapacidade cervical; escala de percepção global de mudança; escala Tampa de cinesiofobia; limiar de dor a pressão; teste de flexão crânio-cervical; ADM cervical; teste de flexão e rotação cervical (FRT). Os resultados estão apresentados em três estudos, com sua específica análise estatística. O estudo 1 apresenta os dados da revisão sistemática sobre as alterações musculoesqueléticas cervicais em pacientes com DTM. O estudo 2 (transversal) identificou os fatores que influenciavam a OHRQoL de pacientes com DTM. O estudo 3 apresenta os resultados do ensaio clínico. O estudo 3 identificou que o GTC foi melhor que o GP na intensidade da dor e na função mandibular ao final do tratamento, e após um e três meses de follow-up (Tamanho de Efeito (ES) >0.7). Na OHRQoL o GTC foi melhor que o GTM e o GP ao final do tratamento e no follow-up de 3 meses (ES>0,7). Ainda, o GTC foi melhor que o GP no desfecho incapacidade cervical, FRT direito e esquerdo ao final do tratamento e no follow-up de três meses (ES >0,7). Na ADM cervical global o GTM foi melhor que o GP em quase todos os movimentos ao final do tratamento. Na avaliação do controle motor o CTG foi melhor que os outros dois grupos em todos as reavaliações (ES>0,8). Os exercícios de controle motor cervicais mostraram melhores resultados que o tratamento placebo para melhorar a dor orofacial, função mandibular, OHRQoL, incapacidade cervical, mobilidade cervical superior e o controle motor dos músculos cervicais, e melhor que a terapia manual no desfecho OHRQoL.