Associação entre índices de adiposidade visceral e marcadores de risco cardiometabólico em pacientes hipertensos

Abstract

A prevalência de hipertensão arterial (HA) tem aumentado globalmente. Sabe-se que a HA representa um reconhecido fator de risco para doenças cardiovasculares (DCV), dessa forma, faz-se necessário o rastreio precoce do risco cardiometabólico em pacientes hipertensos a partir de indicadores com fácil aplicabilidade no âmbito clínico, como o índice de adiposidade visceral (IAV) e produto de acumulação lipídica (PAL). O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a associação entre dois índices de adiposidade com marcadores antropométricos e bioquímicos de risco cardiometabólico em hipertensos. Trata-se de um estudo de delineamento transversal, envolvendo banco de dados de pesquisa realizada com pacientes atendidos na Clínica de Hipertensão do Serviço de Cardiologia do Hospital das Clínicas (HC/UFPE). O IAV e o PAL foram calculados a partir de fórmulas específicas, estratificadas por sexo. Foram consideradas como variáveis de risco cardiometabólico: excesso de peso avaliado pelo índice de massa corporal (IMC), risco pela circunferência da cintura (CC), razão cintura quadril (RCQ) e razão cintura-altura (RCA) e valores plasmáticos de colesterol associado à lipoproteína de alta (HDL-c) e baixa densidade (LDL-c), colesterol total (CT), glicemia de jejum, glicemia pósprandial e hemoglobina glicada (HbA1c) alterados. O teste Mann Whitney foi utilizado na verificação das diferenças de médias de PAL e IAV entre os grupos. O efeito preditor das variáveis independentes nos desfechos foi avaliado pela análise de regressão linear multivariada, utilizando-se um bloco hierarquizado de entrada das variáveis. Foram estudados 1273 hipertensos, a maioria apresentou excesso de peso (66,7%) e risco pela CC (82,2%) e RCQ (92,5%) bem como LDL-c (62,6%) e CT (78,9%) alterados estando estes associados ao aumento do PAL e IAV, de forma significativa (p< 0,05), enquanto níveis normais de HDL-c estiveram associados à redução significativa do PAL. Pode-se constatar que os modelos de regressão utilizados conseguiram explicar 30,7% e 10,5% das alterações do PAL e IAV, respectivamente. Assim, conclui-se que indivíduos com risco cardiometabólico podem ser identificados pelos indicadores PAL e IAV pois ambos se associaram a parâmetros de risco para DCV.