Desenvolvimento X Neoliberalismo: uma análise das medidas econômicas de Brasil e Chile pós1º choque do petróleo e a sua influência na crise da década de 80.

Abstract

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a economia global viveu um período conhecido como “Anos Dourados”, marcado por crescimento significativo do PIB, desenvolvimento de várias nações e a predominância nos Estados Unidos do padrão intitulado Welfare State (Estado do bem-estar social). Dentre as crises mundiais eclodidas depois desse período, é possível pontuar o fim do Bretton Woods, em 1971, além do 1º e 2º choques do petróleo: o primeiro em 1973, ocorrida pelo aumento do preço do barril do petróleo proporcionado pela Organização dos Países Árabes de Petróleo (OPEP), e o segundo em 1979, gerado por uma revolução iraniana. Esses eventos tiveram grande impacto na instabilidade econômica do mundo capitalista. Diante dessa perspectiva, o atual estudo discorrerá sobre as diferenças entre os modelos adotados pelo Brasil e Chile durante a década dos anos de 1970, desenvolvimentista e neoliberal, respectivamente. Nesse sentido, busca analisar as políticas econômicas desses dois países após o primeiro choque do petróleo, em 1973, até o fim dos anos 70, e discutir não só os resultados obtidos, mas também as principais consequências geradas e resultou na crise de ambos. Para isso, a metodologia utilizada ao longo deste trabalho se concentrou numa análise comparativa destas políticas econômicas, baseada em uma pesquisa bibliográfica focada na história econômica dos mesmos durante o período da década de 70, além da coleta de dados de variáveis macroeconômicas em fontes como World Bank, Banco Central de Chile e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dessa forma, é possível sinalizar que, no Brasil, a busca pela manutenção do crescimento econômico, bem como do avanço no desenvolvimento industrial projetado pelo II Programa Nacional de Desenvolvimento (II PND) foi possível através da grande participação do Estado, período conhecido como “Estado empresário”. Porém, há também uma deterioração dos indicadores econômicos, tais como: aumento da dívida externa do país, além do aumento da inflação gerada pelo protecionismo durante o governo Geisel, o que foram as âncoras para a crise econômica brasileira no início dos anos 80. No caso do Chile, o governo de Augusto Pinochet consegue estabilizar a inflação através de diversas reformas estruturais, promove uma abertura ao mercado internacional e mantém as taxas de crescimento do PIB constantes ao longo da década. Contudo, a falta de produção interna e a dependência pelas importações de bens gera desequilíbrios na balança comercial, além da ampliação da dívida externa, o que resulta na falência de diversas empresas privadas chilenas e na eminente crise econômica em 1982.