Ensaios sobre os efeitos da distribuição desigual do trabalho entre as famílias no Brasil

Abstract

Esta dissertação é composta de dois artigos que visam se aprofundar na compreensão dos efeitos das estruturas familiares em que nenhum adulto está inserido no mercado de trabalho para o Brasil, focando no período de 2012 a 2019, e utilizando os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) Contínua. No primeiro artigo verifica-se como as famílias sem trabalho explicam a composição da taxa de pobreza. Para tal, calculou-se o índice de polarização da oferta de trabalho, a taxa de pobreza das famílias e, por fim, é realizada a decomposição do indicador de pobreza. Os achados indicam que parte do aumento da polarização tem por consequência o aumento da taxa de famílias sem trabalho, e a variação da taxa de pobreza provém, principalmente, de variações no percentual de famílias pobres sem trabalho. No segundo artigo, investiga-se o efeito de viver em agregados familiares sem trabalho sobre os resultados dos jovens, em termos de trabalho e escolaridade. Para tanto é utilizado o método de Propensity Score Matching (PSM) e o balanceamento por entropia. As estimativas do efeito médio do tratamento nos tratados indicam que estar em uma família sem trabalho diminui o rendimento do jovem, para homens. Ademais, estar em tais famílias reduz a probabilidade de trabalhar do jovem e aumenta a probabilidade de estar em situação de defasagem idade-série, para mulheres e homens. Diante disso, evidencia-se a necessidade de melhora nos mecanismos das políticas públicas de emprego, para que o indivíduo adulto, desempregado ou inativo, possa inserir-se no mercado de trabalho visando amenizar os efeitos gerados pelas famílias sem trabalho.